1 Outrora, os mártires sofreram nos circos para doar ao mundo o esplendor da Revelação.
2 Hoje, porém, os seguidores do Mestre Divino, irmanados em torno da cruz redentora, foram chamados à doação da Fraternidade às criaturas.
3 Amparados pela evolução dos códigos que se tocaram das claridades sublimes da Boa-Nova, no desdobramento dos séculos, desfrutam de liberdade relativa para concretizarem a divina missão de que foram cometidos.
4 Antigamente, dolorosa renunciação era exigida aos companheiros do Mestre Nazareno, de fora para dentro; agora, contudo, é a luta renovadora do santuário íntimo para o mundo externo.
5 Não é o circo do martírio que se abre na praça pública, nem a fogueira dos autos-de-fé, organizada junto de povos livres e robustos em nome das confissões religiosas.
6 A atualidade reclama corações consagrados ao Senhor na esfera de si mesmos.
7 A fraternidade constituir-se-á abençoado clima de trabalho e realização, dentro do Espiritismo Evangélico, ou permaneceremos na mesma expectação inoperante do princípio, quando o material divino da Revelação e da Verdade não encontrava acesso em nossos espíritos irredimidos.
8 Formemos não somente grupos de indagação intelectual ou de crítica nem sempre reconstrutiva, mas, sobretudo, ergamos um templo interior à bondade, porque sem espírito de amor todas as nossas obras falham na base, ameaçadas pela vaga da inconstância que caracteriza o campo falível das formas transitórias.
9 “Amemo-nos uns aos outros”, segundo a palavra do Mestre ( † ) que nos reúne, sem desarmonia, sem discussões ruinosas, sem desinteligências destrutivas, sem perda de tempo, amparando-nos reciprocamente, pelo trabalho, pela tolerância salvadora, pela fé viva e imperecível.
10 Se nos encontramos realmente empenhados ao Espiritismo que melhora e regenera, que esclarece e redime, que salva e ilumina, sob a égide de Jesus, recordemos as palavras do Código Divino, para vivê-las na acústica da própria alma, seguindo o Senhor em sua exemplificação de sacrifício, de solidariedade e de amor: — “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai até o Pai, senão por mim”. ( † )
Bezerra
(De mensagem recebida em 14.05.1949.)