1 Para muitos companheiros menos avisados, aí na Terra, mediunidade significa martirológio.
2 Entretanto, é glorioso caminho de resgate espiritual, com sublime ascensão para os cimos da vida. 3 É luz para a penetração no vale das sombras, 4 consolo para derramar bênçãos renovadoras na noite do sofrimento.
5 Claro que são indispensáveis a coragem e a fé viva, a esperança e o valor moral a fim de prosseguir caminho afora.
6 A estrada permanece repleta de espinhos e a floresta, em torno, é sempre ameaçadora. 7 Todavia, meus filhos, como se verificaria a conquista de espaços novos sem o desassombro dos que preferem as angústias da frente?
8 Conhecemos de perto as vigílias e as inquietações dos trabalhadores fiéis do Senhor no campo do mundo.
9 Às vezes, sozinhos com a prece, interrogam a esmo o porquê de semelhante tarefa, extenuados ante as lutas.
10 Por toda a parte o combate, o atrito, a incompreensão. Mas é imprescindível recordemos Aquele Divino Médico que se afirmou mensageiro para os doentes e não emissário para os sãos. ( † ) Aquele que foi igualmente peregrino sagrado do bem na floresta do mal e que amou até a cruz, no sacrifício supremo. 11 Sem o Cristo no coração é impossível servir com a eternidade. 12 Só Ele é suficientemente grande para arrebatar-nos a pequenez em que temos vivido: apenas Ele possui bastante amor para satisfazer-nos a sede espiritual. 13 Liguemo-nos a Jesus como lâmpadas à usina vigorosa. Sem essa operação é difícil transitar nos carreiros empedrados da Terra.
14 Meus amigos, procuremos valer-nos do sofrimento com a habilidade de quem encontrou vasta e preciosa fortuna.
15 Na Espiritualidade quase sempre os valores são inversos. Entre os homens encarnados, a filosofia imperante é a do imediatismo, muitas vezes, é a do jogo desenfreado das ambições sem rumo. As criaturas amontoam sempre, isso ou aquilo, sedentas de posse, para tudo deixarem um dia à herança de cinzas.
16 Somente as almas nobres, amadurecidas na escola da razão iluminada pela fé viva, conseguem compreender o câmbio divino.
17 É indispensável entesourar para a vida verdadeira, amealhar luzes e bênçãos, como quem sabe que todo o material da existência humana se resume a recursos didáticos de uma escola grandiosa e bendita que apenas a ignorância humana converte em teatro de lutas sangrentas pelo propósito de domínio e pelo desvairado apego à ambição.
18 Não nos detenhamos ao lado daqueles que olvidaram o valor da Espiritualidade e que perderam a noção da sublime dádiva do corpo.
19 Convertamo-nos, realmente, ao Cristo, atendendo-lhe aos desígnios misericordiosos e justos.
20 Nosso lar, meus filhos, é o mundo inteiro.
E a nossa família é a humanidade integral.
21 Na soberana lei do Supremo Senhor o que dá recebe sempre mais e o que dá com alegria recebe centuplicadamente.
22 Bem-aventurados aqueles que se entregam ao serviço do bem, como a semente humilde na obscuridade da terra. O Pai enriquece-lhes as mãos de alegrias e bênçãos, como enriquece os ramos verdes das árvores de flores e frutos.
23 Agradeçamos o privilégio de compreender e servir.
24 A existência no Plano carnal bem considerada, é quase um pesadelo em plena eternidade. 25 As nuvens passarão e, finda a tormenta, que a lavoura do bem nos valorize a tarefa.
26 Agir e construir, trabalhar e elevar sempre.
27 Não há vida mais digna que esta — a de cooperar com a própria dor para que as dores alheias desapareçam.
Bezerra
(De mensagem recebida em 21.11.1946.)
[1] No livro impresso, antes do último parágrafo desse capítulo, entre as páginas 51 e 52 da 1ª edição, há um fac-símile datado de 26 de fevereiro de 1890, que faz menção ao Dr. Adolfo Bezerra de Menezes.
.