1 Você nos pede notícias,
Caro Juca Sumaré,
Sobre a maneira precisa,
Com que hoje vejo a fé.
2 É uma questão complicada,
Junto à qual você me encosta,
No entanto, a boa vontade
Tem sempre alguma resposta.
3 De uma vida para outra
Não é como você pensa,
Fé naquilo que imagino
Mostra pouca diferença.
4 Depois da morte, meu caro,
A ideia é de cada qual,
Assunto de confiança
Pertence à vida mental.
5 A fé completa, a meu ver,
Mais se parece a uma estrela
E a pessoa luta muito
Até que possa obtê-la.
6 A confiança é um tesouro
Que se a junta devagar,
O Espírito vai sofrendo
E aprendendo a confiar.
7 Sobretudo, antes do berço,
Pedindo reencarnação,
É que muita gente boa
Vai de lição em lição.
8 Muito amigo diz ter fé,
Suplica luta violenta,
Nasce, cresce, entra na prova,
Diz depois que não aguenta.
9 Você recorda Altalino,
Fazia votos de fé,
Vendo a casa em sofrimento,
O coitado deu no pé.
10 Antônio afirmava sempre
Ser crente de força e raça,
Abandonado por Joana
Projetou-se na cachaça.
11 Tintina orava solene,
Mas vendo a morte do Meira,
Quebrou a imagem da santa
Que trazia à cabeceira.
12 Era médium valorosa
Dona Licota de Andrade,
Notando o esposo doente,
Largou a mediunidade.
13 Outro médium de importância,
Era Quincota do Coentro,
Vendo o pai acidentado,
O rapaz fugiu do Centro.
14 Dizia ter fé gigante
Nosso irmão Délio da Luz,
Entrando na viuvez,
Nada mais quis com Jesus.
15 Vendo um filho em provação,
A médium Cora Farias,
Abandonou a sessão,
Xingando todos os guias.
16 De prova em prova na estrada
Na evolução que se ajeita,
Um dia, teremos todos
A fé sublime e perfeita.
17 Mas, por enquanto, meu caro,
Deus que é o Pai do Sumo Bem
Ampara cada pessoa
Conforme a fé que se tem.
Cornélio Pires
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