1 Há casais em rixas graves,
Entretanto, a maioria
Resolve qualquer problema
Na paz de grande alegria.
2 Num casal desajustado
O namoro era um jardim
De festa, flores e abraços
Sob a ternura sem fim.
3 Decorridos longos meses
Eis a rotina em ação,
Enfararam-se um do Outro
Ao primeiro palavrão.
4 Fosses em diálogos simples
Ou em notícia que agite.
A conversa disparava
Para aplausos ao desquite.
5 Despenderam tantas horas
No insulto amargo e infeliz,
Que por fim deliberaram
Levar o caso a um juiz.
6 O juiz ouviu-lhes, calmo,
Com bondade e compreensão
E pediu aos dois amigos
Não buscar separação.
7 Ouvindo tantos conselhos
Repletos de sensatez,
A esposa reconfortada
Entrou para a gravidez.
8 Em seguida aos nove meses,
Do casal nasceu Julinho,
Um meninão bochechudo
Uma glória de carinho.
9 Não se falou mais ali
De desquite e irritação,
Era só — Julinho, meu filho!
Venha cá, meu coração!…
10 A jovem mãe encontrara
O amparo que sempre quis,
O pai agora mudado
Sentia-se forte e feliz.
11 E entendi que em todo lar,
Seja de crentes ou ateus,
Toda criança que nasce
É uma esperança de Deus.
Cornélio Pires
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