1 Quando Jesus entrou, vitorioso, em Jerusalém, ( † ) houve um instante em que parou para respirar livremente. Com ele, apenas Bartolomeu, apagado e discreto. O discípulo exultava.
2 Até eles chegavam os ecos do grande êxito. Hosanas ao Messias. Cânticos. Algazarra. Perfumes no ar. Não longe, Simão Pedro, que negaria o Senhor. Judas, que o negociaria. Tomé, que o abandonaria. Tiago e João, que dormiriam descuidados, sem lhe perceberem a angústia. E toda uma legião de admiradores que, no dia seguinte, se transformariam em adversários.
3 Bartolomeu, feliz, observou a atmosfera festiva e disse, contente:
— Oh! Mestre, quanta felicidade! Afinal! Afinal a glória, apesar dos perseguidores!
4 Notando que Jesus continuava em grave silêncio, o aprendiz perguntou:
— Por que tristeza, Senhor, se estamos triunfando de tantos inimigos?
5 O Cristo, porém, meneou a cabeça e, fitando a turba próxima, falou sereno:
— Bartolomeu, Bartolomeu, vencer, mesmo tendo inimigos, é sempre fácil, porque os inimigos se colocam a distância, por si mesmos.
6 E profundamente desencantado:
— A batalha mais árdua é vencer com os amigos.
Hilário Silva