1 Querida mãezinha Luíza, Deus nos abençoe.
2 Estou ainda fraco e abatido, o que reconheço pela dificuldade em escrever esta carta.
3 Mãezinha, cheguei muito bem ao nosso pouso, conquanto de certo modo anestesiado, porque, quando acordei no recanto de tratamento em que me encontro, notei que a região era tranquila, o que é muito reconfortante para mim, e observei para logo, tratar-se de um refúgio para doentes.
4 Ao meu lado estavam meu pai Júlio e o nosso amigo e irmão Cassanha, que me dirigiram olhares de paz e otimismo.
5 Meu pai, adiantou-se na minha direção e acalmou-me com estas palavras: “Tudo bem, meu filho. Agora é preciso descansar, de vez que você ainda está sob medicação. Nada pergunte. Pense na bondade de Jesus e permaneça calmo.”
6 Depois disso os dois se afastaram e dois enfermeiros vieram em meu auxílio. Falaram-me do bem que a prece silenciosa me faria. Começaram as massagens, cujo sentido não conseguia compreender. Sentia-me fortificado na fé em Deus, mas decorridos os primeiros minutos de minha nova situação, senti que a preocupação e a saudade tomavam conta de mim.
7 Vi o seu semblante como se eu estivesse ao seu lado e as suas lágrimas provocaram as minhas. Choramos juntos, embora o seu coração amoroso não se percebesse. Em seguida, fui rever a nossa Dinha e as crianças.
8 A esposa também chorava e perguntei a mim mesmo porque acontecia isso, se eu estava vivo, como que sob uma força que eu não conhecia e me tornava invisível.
9 O pranto me escorreu novamente do íntimo para os olhos, mas pedi a presença dos Protetores Espirituais e senti um novo calor penetrando-me os pensamentos.
10 Abracei então a companheira, pedindo-lhe confiança em Deus e fui ao encontro dos filhos queridos. Fabrízio estava corajoso ao pensar em mim. Fernanda e a irmãzinha tentavam ler uma página de jornal e notei que ambas me lembravam com saudade.
11 Demorei-me alguns minutos no ambiente, mas quando quis me retirar para ir ao encontro do Rubens, meu pai Júlio se me fez vidente, dando-me a perceber que estava acompanhado e me comunicou que estava comigo, desde a minha saída do Parque de Saúde em que me achava internado; que eu tivera permissão para sair alguns minutos, entretanto, ele mesmo não me via preparado para as visitas que eu desejava.
12 Em companhia dele, fui à residência do Rubens com o intuito de agradecer a ele e à Hilda tudo o que fizeram a meu favor e também para o conforto de visitá-lo.
13 Sentia-me contente por abraçá-los, no entanto percebi que eles também me registravam a presença com grande tristeza e aquela amargura deles também me envolveu e procurei afastar-me para ver os sobrinhos.
14 O Fábio estava lendo um livro com a irmãzinha e fugi de pensar fortemente em ausência e saudade.
15 Tive a ideia de que um mecanismo estranho funcionava dentro de mim, porque bastou o meu desejo em não me deixar envolver mentalmente em dor para que as crianças recebessem o meu abraço sem lágrimas pelo tio que era eu. E aquela ocorrência foi a minha primeira ideia do poder espontâneo da mente e meu pai me forneceu novas explicações sobre os sentimentos, que fora do corpo físico, mostram maior capacidade de influenciação e assim continuo a minha nova aprendizagem…
16 Mãezinha, agradeço as suas preces e seus votos de apoio em meu benefício, e peço-lhe guardara certeza de que seu filho Denis está num trabalho novo com muita esperança para fortificar-se cada vez mais.
17 Rogo-lhe dizer ao Rubens que estou bem e cooperarei breve quanto me for possível para auxiliá-lo em nossas tarefas. Peço-lhe pedir por mim ao Fabrízio e às irmãs não fazerem pressão sobre a mãezinha Dinha para voltarem para a chácara.
18 Saudades de casa tenho também, mas a família não deve, pelo menos por enquanto, permanecer em local isolado que em outros tempos provocaram a visita de malfeitores. Fiquem todos no apartamento, porque o papai, quando puder, vai auxiliar a mamãe a promover a mudança para lugar melhor, já que seus filhos são bons e me atenderão.
19 As petições deles transmitidas à mamãe e ao tio Rubens me preocupam e a mamãe Dinha já está até trabalhando dando o sinal de coragem que devemos ter, coragem e fé em Deus que nunca nos abandonou. Com este pedido meu senti força nesta noite e quando eu puder voltarei para abraçar a todos.
20 Mãezinha Luíza, não posso escrever mais agora, mas fique certa de que estou muito, muito bem. Estou com o auxílio de meu pai e do Augusto, o prestativo rapaz de nossa amiga D. Yolanda.
21 Sei que estão numa reunião festiva em que é lembrado um amigo, o irmão Maximino, e agradeço a gentileza com que estou sendo recebido por todos.
22 Mãezinha, peço-lhe a bênção e rogo-lhe sentir-se tranquila e feliz. Muitas saudades repletas de esperanças do seu filho que lhe deve tanto,
Sempre o seu,
Denis
(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em Uberaba, MG., a 11/6/1992)
ESCLARECIMENTOS
Denis Fernandes
Nascimento: 3/11/1948
Desencarnação: 22/11/1991
Pais:
Júlio Fernandes Varella, desencarnado em 19/4/1977.
Luíza Pellegrino Fernandes, residente em São Paulo, à Rua Dr. Eduardo Gonçalves, 85; Mooca. CEP. 03110-060.
Esposa: Izildinha Mônica Fernandes.
Filhos: Fabrízio, Fernanda e Flávia Pellegrino Fernandes.
Irmão: Rubens Fernandes.
Cunhada: Ilda Aparecida Fernandes.
Sobrinhos: Marcela Fernandes e Fábio Varella Fernandes.
Amigo e irmão Cassanha: Celso Cassanha, já desencarnando, foi dirigente do Centro Espírita “Lar do Amor Cristão”, de São Paulo, localizado à Rua Dois de Julho, 384; Ipiranga.
Augusto: Augusto Cezar, filho do casal Raul e Yolanda Cezar.