O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Augusto vive — Augusto Cezar Netto


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Problema de mãe

1 Prezada Irmã.
Estou naturalmente surpreendido.
A sua bondade me interpela acerca de assunto para o qual não tenho preparação porque, na Terra, não fui pai e, ao que suponho, não guardo qualquer traço da sensibilidade feminina.
Entretanto, sou um ser humano e, nessa qualidade, nenhum problema da alma humana pode soar estranhamente aos meus ouvidos.

2 Efetivamente, é muito difícil opinar em seu caso estritamente pessoal.
Menina e moça, você se engravidou na condição de solteira e está lutando contra grande faixa do seu mundo familiar que lhe reclama a rendição ao aborto.
— “Augusto amigo — pergunta você, após narrar-me detalhadamente a própria situação — que me diz? Creio sinceramente que você nos fala do Mais Além e peço o auxílio de sua opinião.”

3 E prossegue:
— “Estou balançando… O rapaz que me prometeu casamento não pôde ou não quis atender ao ajuste em que entramos e estou muito desorientada, porque meus tios exigem de mim que me entregue ao aborto. Que diz você?”

4 E eu respondo, prezada amiga:
O que é que eu poderia dizer?
Entendo que o seu problema se relaciona com a sua responsabilidade e que as suas atitudes íntimas são sagradas, tanto quanto as de qualquer pessoa.
Entretanto, à frente de uma vida em formação no clima da sua ternura de mulher, ouso pedir-lhe clemência para essa criança prestes a nascer…

5 Para reportar-nos ao tema, lembro-me, antes de qualquer consideração, que a segurança da Terra é garantida por homens dignos do nosso maior apreço. Eu mesmo nasci de um deles, naturalmente generoso e honesto, que sempre sabe honrar os próprios compromissos.
No entanto, junto desses admiráveis companheiros da família humana, temos os caras-de-pau que se intrometem nos grupos de criaturas nobres e confiantes, a fim de lesar-lhes os sentimentos.

6 Sei que o relacionamento em matéria de sexo não é tarefa unilateral. Não posso ser ingênuo a ponto de acreditar que a linha consiga costurar sem a participação da agulha.
Isso, porém, não me inibe a obrigação de prezar as responsabilidades que nos devem orientar a existência.
Se o pai desertor largou-a sozinha, isso não significa que você precise praticar uma ação pior que a dele.

7 Você que está aprendendo quanto dói o abandono, não abandone sua criança ao esgoto.
Erga a fronte e recorde que Deus criou o trabalho por bênção para nós todos.
Você não precisa recorrer à prostituição para viver. Amor vendido é degradação.
O amparo da família é valioso, mas aquele que se encontra no trabalho é maior.

8 Você pode ser mãe admirável, qual acontece com as mulheres outras que se fazem mães ao lado de maridos respeitáveis.
Receba seu filho com dignidade e dedicação ao serviço que o Céu lhe confiou, ainda mesmo que necessite criar a sua criança com a rega de suas próprias lágrimas.
Ser mãe solteira pode trazer muitas dificuldades para a mulher, mas não é um crime. Tanto assim que Deus a julgou capaz de dar à luz terrestre os filhos do seu Infinito Amor.

9 Se você está experimentando solidão, recorde que seu filho nascituro já se encontra em sua companhia.
Estude, trabalhe, viva para a sua joia humana e construa o seu futuro melhor sem se prender a reprovações de quem não sabe o que pensa nem o que diz.
Não pense que o rebento de seu afeto estará sem pai, porque, na realidade, todos nós, em qualquer posição, somos filhos do Criador e Pai Supremo.

10 Quanto ao mais, esqueça o casca de ferida que lhe trouxe tantos espinhos ao coração, recordando que o Céu permite a certos malandros o privilégio da paternidade somente em alguns casos nos quais Deus, transitoriamente, não quer aparecer.


Augusto Cezar


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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