1 Prezada irmã.
De todas as indagações que habitualmente recebo, a que me veio do seu maternal carinho é a que mais me doeu no coração.
2 “Por que, Augusto amigo, teremos pessoas que recomendam a eutanásia para as crianças infelizes? Tenho meu filhinho de oito novembros, estirado no leito, paraplégico, que apenas conversa comigo através do olhar. Diga-me: você que está no mundo da verdade, diga-me se é justo suprimir um anjo desses, sonho de minhalma e força de minha vida, tão só porque não possa brincar e falar, como sucede às outras crianças? E por que existirão meninos assim, maravilhosos de inteligência e de amor que somente as mães sabem ouvir e compreender?”
3 Estes tópicos de sua confidência me tocaram o íntimo de rapaz inexperiente ao qual a senhora empresta valor tamanho.
Devo dizer-lhe que nas paragens novas a que fui conduzido, as opiniões de quantos amigos conheço são idênticas aos seus próprios conceitos.
4 Por que existem criaturas na Terra que aprovam o assassinato dos pequeninos enfermos, até mesmo aplaudindo aqueles que o executam, valendo-se da impunidade, suscetível de ser encontrada entre as paredes domésticas?
Ah!… os que assim agem não tiveram ainda o espírito bafejado pela ternura que um filho doente sabe inspirar!…
5 Guarde o seu abençoado amor nos próprios braços e defenda-o contra o assalto da delinquência vestida de belas palavras.
Creia. A senhora e outras mães que receberam da Providência Divina semelhantes lírios mutilados, obtiveram do infinito amor de Deus um sagrado depósito.
E qual a razão de existirem eles?
6 Sempre que nos voltamos contra nós, admitindo as facilidades ou os suplícios da autodestruição, ferimos cruelmente a nós mesmos.
O suicídio consciente e sem atenuantes gera tanta carga de culpa que desequilibramos os próprios veículos de manifestação.
7 Deus, porém, é Pai e não verdugo. Por isso mesmo, quando incursos no remorso a que me refiro, somos conduzidos ao coração das filhas de Deus que lhe refletem o amor imenso, com suficiente capacidade de sacrifício para aceitar-nos na condição de Espíritos culpados em luta regenerativa.
Isso, entretanto, é assunto para os pesquisadores e filósofos, que procuram dissecar os processos da reencarnação.
8 Falaremos nós apenas do carinho que devemos aos companheiros enfermos que a Bondade Celeste devolve à terapêutica do lar para que se restaurem.
9 Conserve o seu filho querido contra a leviandade de quantos pretendam atuar, em nome da Ciência, aconselhando a eliminação de seus semelhantes, temporariamente crucificados na prova que os redime perante a própria consciência. 10 E recordemos que Deus não lhes colocou nos laboratórios essas flores humanas que parecem estrelas apedrejadas ao nascer. O Misericordioso Pai entregou os seus anjos enfermos a outros anjos criados por sua Infinita Sabedoria e que todos, no mundo, conhecemos na ternura e no sacrifício de nossas mães.
Augusto Cezar