O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A semente de mostarda — Emmanuel


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O instinto e a inteligência

1 A controvérsia prosseguia…
Alfredo e Pirilo, dois amigos dedicados ao estudo da filosofia, permaneciam, horas inteiras, dialogando sobre a função da alma humana.

2 Qual teria sido a primeira força a desdobrar-se na criatura recém-criada pela Sabedoria Divina? A inteligência ou o instinto?

3 Alfredo admitia que a inteligência teria tido a prioridade, enquanto Pirilo acreditava que o instinto teria sido o começo das tarefas evolutivas da alma humana.

4 O primeiro exaltava os méritos da razão, filha da inteligência, e o segundo se reportava ao instinto como sendo o agente da natureza que operava lentamente, preparando o caminho para o discernimento e, muitas vezes, Pirilo justificava o seu ponto de vista, acentuando:
— Do instinto para a inteligência, a estrada é longa a percorrer. De forma em forma ou de experiência em experiência, o instinto vai despindo a própria inferioridade, ou perdendo os impulsos selvagens, até conquistar a inteligência que o conduzirá ao discernimento e à razão. Por isso é que devemos usar de muita tolerância e paciência, de uns para com os outros, porque muitos irmãos se fazem delinquentes por excesso de agressividade, pelo estado de evolução deficitária em que se encontram.

5 Alfredo ouvia, esboçando gestos de incredulidade, até que, um dia, propôs ao amigo:

— Façamos uma experiência em que provarei a você que a educação cultivada pela inteligência dispensa todas as afirmativas que colocam o instinto na base do processo evolutivo. Demonstrarei que basta educar a inteligência e todo o primitivismo do instinto desaparecerá.

6 E continuou:
— Compraremos juntos um gato comum, em cuja impulsividade o instinto esteja reinando… O gato ficará comigo em minha casa e me disponho a educá-lo esmeradamente. Daqui a um ano, convidarei você para almoçarmos juntos e o animal se portará com as características de um menino carinhosamente preparado para a vida social.

7 Concordaram ambos com o empreendimento e Alfredo levou o felino para sua própria residência.

8 Decorrido um ano, Alfredo solicitava a presença de Pirilo para o almoço do dia seguinte e comunicou:
— Você verá o prodígio da educação. O gato assimilou todos os meus ensinos. Tem os hábitos de um rapaz de certo nível intelectual.

9 Pirilo aceitou o convite com satisfação e na hora aprazada pela manhã do dia imediato, ei-lo com Alfredo na sala de estar. O dono da casa trouxe o gato ao exame do amigo. O visitante ficou encantado. O felino obedecia a todas as ordens do dono. Sentava-se, erguia-se sobre as patas dianteiras e retornava à posição certa, atendendo ao pedido do educador. Ao almoço alimentava-se em um prato especial, levando a comida à boca com a patinha direita.

10 Terminada a refeição, disse Alfredo, entusiasmado:
— Você viu, Pirilo, a superioridade da inteligência educada sobre o instinto?
— Estou vendo — respondeu o amigo.
Foi o momento em que Pirilo voltou à palavra e pediu ao companheiro que fechasse as portas do aposento em que se achavam e pediu licença para ver até que ponto chegaria o experimento do bichano.

11 Alfredo apoiou a solicitação, e Pirilo, enfiando a mão direita num dos bolsos do paletó, dali tirou uma caixinha da qual escapou um rato pequeno que saltou para a mesa, saltitando e correndo qual se estivesse sedento de liberdade. Bastou isso e o gato pulou apressado, perseguindo o rato e quebrando todas as peças em que o almoço fora servido, até que pegou o animalzinho e pôs-se a devorá-lo à vista dos amigos espantados.

12 Foi quando Pirilo dirigiu-se a Alfredo, perguntando:
— Você vê, Alfredo, o poder do instinto que antecede a inteligência e a educação? Alfredo sorriu com desapontamento, mas não disse palavra.


Emmanuel


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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