1 Hospital! Praia viva dos efeitos,
És o foro das causas esquecidas,
Reduto generoso de mil vidas,
No espinheiral dos trilhos imperfeitos.
2 Incompreendida dor! Benditos leitos!
Ninho-prisão de loucos e suicidas
Dantes livres nas largas avenidas
Do egoísmo e do orgulho, vis e estreitos.
3 Em teu regaço, as lágrimas são hinos…
Alguém te vela o clima, atento e mudo:
O médico no leme dos destinos…
4 Dá-nos, templo da angústia transitória,
O florão da humildade por escudo,
O laurel do trabalho por vitória!… n
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[1] LUÍS DELFINO dos Santos — Médico, L. Delfino soube, desde cedo, servir-se dos pequenos lazeres da clínica para escrever os magistrais sonetos da sua obra imponente, na qual conseguiu refletir “os três movimentos poéticos do século: o romantismo, o parnasianismo e o simbolismo”. Seu filho, Tomás Delfino, já desencarnado, coligiu em vários livros a obra imensa de LD, deixada esparsa em jornais e revistas. “Era um poeta abundante,” — confirma-o Manuel Bandeira — “e tanto podia espraiar-se longamente em lirismos condoreiros, como sabia limitar-se lapidarmente num soneto.” (Apud LD, Arcos de Triunfo, pág. 29). (Florianópolis, Santa Catarina, 25 de Agosto de 1834 — Rio de Janeiro, Gb, 31 de Janeiro de 1910.)
BIBLIOGRAFIA: Algas e Musgos; Poemas; Poesias Líricas; etc.
[2] Verso 14 - Admirável soneto, digno de um médico-poeta.