O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Antologia dos Imortais — Autores diversos — 2ª Parte — Waldo Vieira


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F. Mangabeira n

ADEUSES DE SAUDADE

1 Olhando a Terra envolta em sombra escura,
Fico a cismar sozinho na saudade…
Ó Galera da Vida, que procura
O teu giro na luz da imensidade?


2 Vejo o assomar de cenas vis e insontes n
Do palco de mim mesmo ressurgidas.
Nos brilhos festivais dos horizontes
Decifram-se mistérios de outras vidas.


3 Recordo os dias tristes e risonhos… (9) n
No presente, o passado entra em conflito… n
Na teia luminosa de mil sonhos,
O meu pensar desmaia no Infinito…


4 Doces notas ecoam delicadas… (13)
Há lira oculta além dos promontórios
Das nuvens de outras terras, espalhadas
Por alfombras varando espaços flóreos.


5 Vastos campos de dores e prazeres
Entreabrem-se ao mundo e aos corações.
A carícia da fé embala os seres, n
E as almas são repuxos de orações.


6 Em toda a parte o amor vibra e esplendora…
A vida — movimento de beleza —
Revela o eterno bem estrada afora
Em cada pulsação da Natureza.


7 Quais belos focos vivos de esperança,
Almas libertas tomam novo alento.
Do Amor Sem Fim derrama-se a bonança…
Em tudo há melodia e encantamento…


8 Terra! Galera ao sol, luta e porfia!
Guarda contigo a Grande Humanidade!
Homens! Cantai a festa da alegria,
Enquanto choro adeuses de saudade!…



[1] FRANCISCO Cavalcanti MANGABEIRA — Médico, jornalista e poeta. Viveu uma existência agitada e heroica. À maneira de Luís Delfino, soube associar a Medicina à Poesia, até que a morte o colheu, em viagem, depois de servir na libertação do Acre, vítima de terrível polinevrite palustre. Agrippino Grieco coloca-o entre os poetas do “nosso segundo parnasianismo”. Nélson Werneck Sodré, por outro lado, situa-o entre os poetas menores do romantismo. Tem a poesia de Francisco Mangabeira, segundo Américo de Oliveira, “eloquentíssimo êxtases passionais, e todos os sentimentos assumiram elevações verdadeiramente inéditas” (apud A. Diniz, Francisco Mangabeira, pág. 207). Patrono, na Academia de Letras da Bahia, da cadeira nº 70. (Salvador, Bahia, 8 de Fevereiro de 1879 — A bordo do paquete S. Salvador, na altura de Gapuri, entre Belém e S. Luís, 27 de Janeiro de 1904.)
BIBLIOGRAFIA: Hostiário; Tragédia Épica, poema; Últimas poesias; além de inéditos.


[2] Verso 5 - Entenda-se: “Vejo o assomar de cenas vis e insontes / ressurgidas do palco de mim mesmo.”


[3] Versos 9-13. Ler com sinérese: di/as e e/co/am. Atente-se, ainda, no hipérbato: “Doces notas ecoam delicadas…


[4] Verso 10 - Antítese.


[5] Verso 19 - Leia-se com hiato: fé/ em/ba/la.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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