1 Onde ela passa qual estrela,
Célere e luminosa,
Varrendo a escuridão da vida humana,
O carvão da miséria
Faz-se bendito lume,
Atraindo as mãos frias
De velhos e crianças
Que soluçam na sombra.
2 Onde ela passa docemente,
Por divina visão
Entre os campos do mundo,
Toda planta esmagada
Reverdece de novo
Ao brilho da esperança.
3 Onde ela passa generosa,
Sobre a lama da Terra,
Lírios brotam do charco,
Perfumados e puros,
Como bênçãos do Céu
Projetadas no lodo.
4 Ninguém lhe ouviu jamais qualquer palavra
De azedia ou censura.
5 Apenas a vaidade muitas vezes
Lhe toma a retaguarda
E espalha o pessimismo
Nos corações, em torno,
Comentando, agressiva,
A torva indiferença
Dos que bebem a sós
O vinho da ilusão
E devoram, cruéis,
O pão da mesa farta,
Dando sobras ao mofo,
Atolados na usura
Que o ouro anestesia. n
6 Ela passa, entretanto,
Nobre, serena e bela,
Em profundo silêncio,
Educando e servindo
Sem que ninguém lhe escute
Sequer o próprio hálito… n
Porquanto, em tudo e em todos,
É sempre a Caridade — a Luz que vem de Deus.
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