O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Antologia dos Imortais — Autores diversos — 1ª Parte — Francisco C. Xavier


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Rodrigues de Abreu n


ELA

1 Onde ela passa qual estrela,
Célere e luminosa,
Varrendo a escuridão da vida humana,
O carvão da miséria
Faz-se bendito lume,
Atraindo as mãos frias
De velhos e crianças
Que soluçam na sombra.


2 Onde ela passa docemente,
Por divina visão
Entre os campos do mundo,
Toda planta esmagada
Reverdece de novo
Ao brilho da esperança.


3 Onde ela passa generosa,
Sobre a lama da Terra,
Lírios brotam do charco,
Perfumados e puros,
Como bênçãos do Céu
Projetadas no lodo.


4 Ninguém lhe ouviu jamais qualquer palavra
De azedia ou censura.


5 Apenas a vaidade muitas vezes
Lhe toma a retaguarda
E espalha o pessimismo
Nos corações, em torno,
Comentando, agressiva,
A torva indiferença
Dos que bebem a sós
O vinho da ilusão
E devoram, cruéis,
O pão da mesa farta,
Dando sobras ao mofo,
Atolados na usura
Que o ouro anestesia. n


6 Ela passa, entretanto,
Nobre, serena e bela,
Em profundo silêncio,
Educando e servindo
Sem que ninguém lhe escute
Sequer o próprio hálito… n
Porquanto, em tudo e em todos,
É sempre a Caridade — a Luz que vem de Deus.


OURO

1 Todo o ouro dos bancos n
Pode nutrir, um dia, a glória do trabalho…


2 Todo o ouro guardado
Nos altares dos templos
É riqueza da fé
Que o tempo transfigura.


3 Todo o ouro das joias
Que esplende nos salões
É láurea passageira
Em louvor à ilusão.


4 O ouro dos museus
A derramar-se, estanque,
Faz-se ornato da morte
Para a festa da cinza.


5 Todo o ouro das minas
É promessa de pão,
E o ouro da moeda
Que auxilia e circula
É sangue do progresso.


6 Mas apenas o ouro
Que gastas apagando
As aflições dos outros,
Acendendo sorrisos
Em máscaras de pranto,
É o ouro da alegria
Nos tesouros de amor
Que acumulas no Céu.


RENASCIMENTO

1 O que sentes agora,
Já sentiste.
O que pensas agora,
Já pensaste.
O que dizes agora,
Já disseste.
E aquilo que desejas
Novamente fazer,
Muita vez já fizeste.


2 Resguarda, assim, o sonho
De luz e de beleza
Que bebeste na altura,
Para a nova jornada,
Sentindo no amor puro,
Pensando de alma reta e renovada,
Falando com nobreza,
E conservando, em suma, a lei do bem de cor,
A fim de que realizes a bondade n
Para a Vida Maior.
3 Todo berço na Terra é novo marco…
E a alma reencarnada é como a estrela n
Refletida no charco.



[1] RODRIGUES DE ABREU (Benedito Luís de Abreu) — Poeta, teatrólogo, educador. Escreveu nos principais jornais e revistas do País. Tendo sido a infância de R. de Abreu uma das mais afanosas, iniciou ele o curso primário em Piracicaba, completando-o em S. Paulo. Depois de muitas reviravoltas por diversos colégios, de outras cidades, regressa o poeta à Capital paulista, onde passa a lecionar. Posteriormente, transfere-se para sua terra natal, desencarnando, mais tarde, em Bauru. Péricles Eugênio da Silva Ramos (in Lit. no Brasil, III, t. 1, página 538) classifica R. de Abreu como poeta modernista não “histórico” e acrescenta, adiante, que ele “cultivou uma poesia simples, sentimental e dolorida”. Embora Afonso Schmidt (in Dic. Aut. Paulistas, pág. 16) o considere “um dos maiores poetas de S. Paulo”, Domingos Carvalho da Silva, “o seu melhor crítico”, diz que RA, como poeta, foi “alto valor que não chegou a realizar-se, mas que manteve sempre a sua individualidade” (apud Pan. VI, pág. 80). (Município de Capivari, Est. de São Paulo, 27 de Setembro de 1897 — Bauru, Est. de São Paulo, 24 de Novembro de 1927.)
BIBLIOGRAFIA: Noturnos; A Sala dos Passos Perdidos; Casa Destelhada; etc.


[2] Verso 35 - Ler assim este verso: “Que o/ ou/ro a/nes/te/si/a


[3] Verso 41 - Leia-se com hiato: pró/prio/ há/li/to.


[4] Versos 44 a 58 - Ler com hiato em:
To/do o/ ou/ro;
o / ou/ro;
E o/ ou/ro;
É o/ ou/ro.


[5] Verso 88 - Ler rea-li-zes, com sinérese.


[6] Verso 91 - Leia-se E a/al/ma, em três silabas.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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