1 O que sentes agora,
Já sentiste.
O que pensas agora,
Já pensaste.
O que dizes agora,
Já disseste.
E aquilo que desejas
Novamente fazer,
Muita vez já fizeste.
2 Resguarda, assim, o sonho
De luz e de beleza
Que bebeste na altura,
Para a nova jornada,
Sentindo no amor puro,
Pensando de alma reta e renovada,
Falando com nobreza,
E conservando, em suma, a lei do bem de cor,
A fim de que realizes a bondade n
Para a Vida Maior.
3 Todo berço na Terra é novo marco…
E a alma reencarnada é como a estrela n
Refletida no charco.
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RODRIGUES DE ABREU (Benedito Luís de Abreu) — Poeta, teatrólogo, educador. Escreveu nos principais jornais e revistas do País. Tendo sido a infância de R. de Abreu uma das mais afanosas, iniciou ele o curso primário em Piracicaba, completando-o em S. Paulo. Depois de muitas reviravoltas por diversos colégios, de outras cidades, regressa o poeta à Capital paulista, onde passa a lecionar. Posteriormente, transfere-se para sua terra natal, desencarnando, mais tarde, em Bauru. Péricles Eugênio da Silva Ramos (in Lit. no Brasil, III, t. 1, página 538) classifica R. de Abreu como poeta modernista não “histórico” e acrescenta, adiante, que ele “cultivou uma poesia simples, sentimental e dolorida”. Embora Afonso Schmidt (in Dic. Aut. Paulistas, pág. 16) o considere “um dos maiores poetas de S. Paulo”, Domingos Carvalho da Silva, “o seu melhor crítico”, diz que RA, como poeta, foi “alto valor que não chegou a realizar-se, mas que manteve sempre a sua individualidade” (apud Pan. VI, pág. 80). (Município de Capivari, Est. de São Paulo, 27 de Setembro de 1897 — Bauru, Est. de São Paulo, 24 de Novembro de 1927.)
BIBLIOGRAFIA: Noturnos; A Sala dos Passos Perdidos; Casa Destelhada; etc.
[1] Ler assim este verso: “Que o/ ou/ro a/nes/te/si/a”
[2] Leia-se com hiato: pró/prio/ há/li/to.
[3] Ler com hiato em: To/do o/ ou/ro; o / ou/ro; E o/ ou/ro; É o/ ou/ro.
[4] Ler rea-li-zes, com sinérese.
[5] Leia-se E a/al/ma, em três silabas.