1 Noite… Natal!… Na hora derradeira,
Sozinha num brejão, com sede e fome,
Morre jogada à febre que a consome
A velhinha Maria Cozinheira…
2 Lembra o Natal dos tempos de solteira,
Olha a esteira enrolada e o chão sem nome,
Mas, de repente, vê que tudo some,
Está livre do corpo e da canseira!…
3 Ouve cantos no Céu que se descerra:
— “Glória a Deus nas alturas!… Paz na Terra…” ( † )
Maria, sem querer, sobe espantada…
4 Nisso, irrompe do Azul divina estrela…
Alguém surge!… É Jesus a recebê-la
No sublime clarão da madrugada.
Cornélio Pires
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