RETORNO
1 — “Rua, filho infeliz!…” — grita brandindo a vara
O severo Dom João, de gesto frio e rude…
— “Não me mates, meu pai!…Socorro!… Deus me ajude!…”
Clama o rapaz, fugindo à mão que o desampara.
2 Mas não existe dor que o tempo não transmude.
Envelhece Dom João na casa nobre e rara,
Lembra com novo amor o filho que expulsara;
Quer reencontrá-lo agora e viaja amiúde…
3 Certa noite, ante um rio, ao vento rijo e forte,
O castelão viajor pede auxílio e transporte…
Mas surge por barqueiro estranho maltrapilho…
4 É um moço salteador que o saqueia e tortura…
Dom João fita o agressor… É o filho que procura…
E morre a suplicar: — “não me mates, meu filho!…”
Valentim Magalhães
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