SUBLIMAÇÃO
1 Não te digas sem paz, sem esperança…
Nem afirmes que o mundo é triste e vão…
A existência na Terra é ascensão incontida
E a própria Natureza é um hino à luz da vida,
Promovendo alegria e elevação.
2 Olha a foice cortando o mato inculto…
Depois, rasga-se a gleba, a golpes de trator.
Logo após, eis o exílio da semente;
Depois ainda, é o quadro viridente
Do solo aprimorado a esmaltar-se de flor.
3 A dinamite explode, a pleno campo,
Estremece a pedreira a gritar, a rugir…
Desunem-se calhaus, fugindo, salto em salto.
Surge, porém, depois, o caminho de asfalto,
Apontando a beleza e o fulgor do porvir.
4 Cai o tronco a gemer no próprio berço,
Parecendo um gigante a protestar;
Em seguida, levado ao corte em que se apura,
Faz-se viga, portal, segurança e estrutura,
Oferecendo à vida a proteção do lar.
5 O trigo baila ao sol, em cachos de ouro,
Alteando o valor do solo que o bendiz,
Mas vem o segador que o deixa em queda e chaga…
Depois, ei-lo na mesa… É o pão em que se apaga
Para que a refeição seja farta e feliz.
6 Assim também, alma querida e boa,
Sofrimento é poder renovador…
Sacrifício, aflição, angústia, disciplina
São Processos de Deus com que Deus nos ensina
A conquista da Luz e a construção do Amor.
Maria Dolores
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