“… E vós outros, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro, tomando a palavra, lhe disse: Vós sois o Cristo, o Filho de Deus vivo. Jesus lhe respondeu: Sois bem-aventurado, Simão Pedro, filho de Jonas, porque não foi nem a carne nem o sangue que vos revelaram isso, mas meu Pai que está nos Céus.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, Edição IDE, Cap. IV, item 1).
A Vida futura deveria ser assunto de extrema importância para os homens, aqui, na Terra.
Mas, por não crerem numa vida do “outro lado” é que muitos vivem pensando que a vida se resume na terrena e, dessa maneira, nada fazem para se conduzir corretamente.
Por conseguirmos aprender e por em prática alguma coisa que a Doutrina nos ensina, damos graças a Deus. E, por sabermos ainda tão pouco dessa grandiosidade que é Ciência, Filosofia e Religião, ao mesmo tempo, vemos o quanto temos que nos esforçar para entender o quanto há ainda por fazer em nosso próprio benefício.
Como é belo termos ciência de onde viemos, para que aqui estamos e para onde iremos. Temos a capacidade de raciocinar, aceitar e providenciar nosso passaporte para o “outro lado”, de maneira correta, em paz com o mundo que nos serviu de lição educativa e em paz conosco mesmo.
Quantas citações, neste volume, nos mostram a Vida Espiritual! Será que todos tiveram a felicidade que estamos tendo de conhecer a Verdade?
Não queremos dizer, com tudo isso, que somos fatalistas ou, mesmo, indiferentes aos acontecimentos. O que interessa é sabermos nos preparar para quando a “funcionária do silêncio”, como diz o Laurinho, nos procurar, ocasião em que deveremos estar com a devida bagagem pronta, para que não nos desapontemos na hora do acerto final.
E, na carta que se segue, Laurinho nos traz notícias de uma pessoa muito querida, não só por mim, como também por muitos das cidades de Casa Branca, Palmeiras, Mococa e Igaraí, onde militou com crianças, devotadamente.
Foi com forte emoção que minhas lágrimas rolaram ao ouvir a leitura dessa mensagem, ao ser mencionado o nome de Esmeralda, ou seja, professora Esmeralda de Oliveira Andrade.
Minha querida irmã, receba toda a gratidão de um coração ao qual você deu a oportunidade de aprender com o sofrimento. Não aquele sofrimento da perda, ou melhor, da devolução de um filho a Deus, mas com o seu sofrimento calado da prova cármica da moléstia incurável que consumiu a sua roupagem física.
Lembra-se daquela tarde de um mil novecentos e setenta e nove, mês de abril, quando você me confiou aquele envelope e, debaixo de lágrimas, perguntou: — E agora, Priscila? E que eu, firmemente, lhe respondi: — É a prova. Toca pra frente, que eu lhe darei ajuda moral e espiritual. Vamos ao tratamento, porque você não será uma suicida lenta, deixando que tudo se consuma sem ação.
E, por dois anos, nós choramos, rimos, oramos e discutimos vários assuntos, onde o mais tocado era sobre a vida do outro lado. E, como valeu a pena, Esmeralda! Quanto aprendemos juntas e tenho certeza que você chegou, aí, apta para o trabalho com as crianças.
Quantas idas e vindas a Campinas, SP, quantas lições tiramos ao presenciar os violentos sofrimentos de pessoas em pior situação que você e, nessas horas, agradeçamos por nós duas.
Quanta alegria na hora dos passes, que você mesma solicitou tantas vezes. Quantos irmãos abnegados adentraram sua casa para orar juntos. Lembra-se daquelas irmãs de Itobi?!
Muitas vezes via sua avó e seu pai, desencarnados, que nunca conheci, sentados em sua cama e eu brincava, dizendo: — Vamos pedir licença a eles para que eu possa sentar-me em seu leito de sofrimento.
E você já havia estudado e pesquisado sobre tudo isso, preparando-se, durante dois anos, para a viagem. Quanto você ganhou de bênçãos em sua chegada, “por essas bandas”!
Agradeço, de público, Esmeralda, a oportunidade de aprender a servir, a colaborar com nosso semelhante e a lição de humildade ao ver a dor consumir a matéria, sem que nada pudesse ser feito.
Você foi o exemplo vivo, numa cidade como esta, em que lutamos pela união, pelo entendimento e pela recuperação moral e espiritual de todos nós.
Pela sua preocupação com seu irmão e sua mãe, você se desdobrou em tudo, esquecendo-se de si própria, só pensando no trabalho. Agora, tenho certeza que, daí, você está vendo as coisas em seus devidos lugares, como tanto o quis, porque em sua casa tudo está bem. Tudo está como você sempre lutou para que estivesse.
Fique em paz e tranquila, Esmeralda, e continue olhando por todos que te querem bem.
Sei que, na sua simplicidade, não gostaria de estar nas páginas de um livro; mas tenha certeza de que sua vida daria um volume todo. E, por tudo que deixou gravado nos corações que lhe rodeavam e tanto aprenderam, dedico-lhe estas linhas de carinho, e permita-me o direito de citá-la como exemplo, porque, como você também o sabe, o mundo está necessitado de atenções voltadas para o bem.
Sei, também, que o recado que levou direto para Laurinho, foi transmitido, pois, pelo fato de querê-lo tão bem, neste mundo, ele deve tê-la recebido com alegria e compreensão.
Oxalá, minha amiga de todas as horas, muitos tenham a recompensa que você conseguiu através do sofrimento calado e resignado.
As coisas por aqui estão tão difíceis de serem cumpridas, que pedimos o auxílio do Mais Alto para termos forças e não sucumbir antes da hora.
Muitas saudades e, com o uso da razão, que foi o que combinamos, aquele abraço e muito obrigada por tantas aulas que me foram tão preciosas.
Minhas queridas amigas, agradeço a Deus esta chance que Ele me dá de colocar, no papel, tanta coisa que está dentro de mim.
Implorei tanto e recebi demais.
Em viagem para Uberaba, com a amiga-irmã Therezinha n e minha filha Lú, conversávamos sobre assuntos diversos e, em dado momento, eu lhes disse: — Fazem nove meses que Laurinho está calado e eu acho que, desta vez, ele vai falar e muito. Até da Esmeralda.
Alguns passageiros acharam estranho e fizeram ar de riso. E, não é que, na noite de sábado, dia doze, recebo de Laurinho, esta mensagem maravilhosa, contendo detalhes curiosos e repleta de boas notícias!
E, assim, queridos irmãos, vamos levando a vida, que não é uma brincadeira para ser dramatizada. Portanto, eis aqui, mais provas sobre a vida de Além-Túmulo, porque o ser humano somente conhecerá a necessidade do amor, do “dar-se as mãos”, quando compreender a grandeza de sua missão.
Priscilla Pereira