1 Sofres, de longa data, o rude assédio
De provações, dentro de casa:
2 É o pai doente, é o filho que se atrasa
Nos deveres do estudo, entre os quais se habilite
Para a vida melhor, mais nobre e mais bonita;
3 É a filha habituada ao desencanto e ao tédio
Em que parece alienada;
4 São os amigos e irmãos de palavra dourada
Que te falam de amor e de carinho
E te deixam nas pedras do caminho…
5 Não te entregues, no entanto,
À tristeza vazia.
6 Sai de ti mesmo e vem conosco à escola
Onde a força do bem nos reanima e consola,
Doando-nos apoio e companhia.
7 Comecemos o nosso aprendizado
De aplicação à prática do bem:
8 Muito perto de nós, em único recanto,
Com todo o fel que a privação contém
Agoniza um enfermo sem ninguém.
9 Nossa jornada continua…
Estendamos socorro às mãos infortunadas
Que mendigam na rua,
10 Às criancinhas desacompanhadas
Que buscam, por instinto,
Nas sacolas de lixo das calçadas
Um pedaço de pão que lhes acalme
o estômago faminto,
11 E aos doentes sem paz, aqui e além,
Sem choça a protegê-los do frio que os açoite… n
Ei-los rogando espaço e pouso, antes que chegue a noite…
12 Vem aprender, ante as lições da prova,
Nas aulas sob pontes esquecidas,
Nos becos, nos porões, nas avenidas
13 E entenderás que a vida se renova
À frente dos irmãos do pranto e da amargura!…
14 Então regressarás ao lar que te guarda e te apura;
De coração tomado de alegria,
15 Notando no trabalho e no esforço dos teus,
Doces obrigações de cada dia,
Dando graças a Deus.
Maria Dolores
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