1 Alma querida, não fales
De mágoa e ressentimento,
Ante o impacto violento
Da dor, onde quer que vás;
2 Esquece-te e prossigamos
No esforço de nosso nível,
Agindo, quanto possível,
Para o sustento da paz.
3 Além das áreas de angústia
Em que a penúria domina,
A prova se descortina
Onde sobram teto e pão;
4 Muito conforto que anotas
Traz a lágrima escondida
E o ouro que enfeita a vida
Muitas vezes surge em vão.
5 O progresso se agiganta,
Continente a continente,
A cultura exige frente,
Quer o gênio mais lugar;
6 Levantam-se arranha-céus,
O cérebro ganha altura,
Mas ouve-se a desventura
Do sentimento a chorar.
7 Casas nobres abrem alas
Para a vitória do estudo,
Mostra o povo anseio agudo
De Vida Superior;
8 Mas o tóxico se espalha,
Sob lances infelizes,
O lar é um campo de crises
À míngua de paz e amor.
9 A guerra que vibra acesa,
De lado a lado do mundo
Feriu, a golpe profundo,
A confiança no bem;
10 Medo, tensão, amargura
Dos seres incompreendidos
São lágrimas e gemidos
Que atingem o Mais Além.
11 Sigamos, alma querida!…
Em dolorosos enganos,
Nos raciocínios humanos
A sombra alcança apogeus
12 Elevemos, ante o Cristo,
As forças do coração…
Toda a Terra em transição
Tem fome da luz de Deus.
Maria Dolores
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