1 — Absolutamente! Não aceito qualquer admoestação! Devo estar no hospital com a pressa máxima, — era assim que o famoso médico Dr. Armando Carrieri se dirigia ao guarda de trânsito.
2 E o moço explicava, humilde:
— Doutor, apitei porque o senhor não pode seguir nessa velocidade… O túnel está em conserto…
3 E indicando outros carros detidos:
— Como o senhor vê, há diversos veículos esperando informações…
— Chega de conversa! — Tornou o médico, irritado, — se me dispuser a ouvir todos os apitadores do trânsito, acabarei parando o relógio… Não diminuirei a marcha. Devo estar no hospital com a urgência possível.
4 Nisso interferiu outro médico, o Dr. Zeferino Lanza, que parara o próprio automóvel para receber instruções igualmente:
— Armando, acalme-se… Há tempo suficiente e o guarda não é nosso empregado. E, se fosse, deveríamos a ele consideração e respeito.
— Ora, ora, Zeferino! Era o que faltava… Lições de boas maneiras! Depois de abraçar o Espiritismo, você poderá chamar-se Zeferino Mole. Comigo, não! Nada de guardas ineptos a dar ordens. Estarei no hospital sem perda de tempo!…
5 E pressionando o pé sobre o acelerador, partiu a toda. Mas daí a minutos chegou a notícia de que o Dr. Armando havia chegado efetivamente ao hospital, mas com ambas as pernas fraturadas em grande acidente.
Hilário Silva