1 Se confias em Deus, alma querida,
Vem com Jesus, do lar, que te resguarda e eleva,
Ao vale da aflição onde vagam na sombra
Os romeiros da angústia e as vítimas da treva!…
2 Na crença que te nutre, acende a chama
Do amor que te desvende, trilha afora,
Os convidados d’Ele ao banquete da vida,
Os que formam na Terra a multidão que chora.
3 Vamos!… Jesus, à frente, nos precede,
Insistindo por nós, de caminho a caminho,
E pede proteção ao que segue em penúria,
Reconforto a quem vai padecente e sozinho…
4 Aqui, passam em bando, aos ímpetos do vento,
Pequeninos sem fé, sem apoio, sem nome.
5 Que fazem? De onde vêm? Aonde vão? Ninguém sabe
E nem sabe explicar a mágoa que os consome;
6 Ali, geme, sem teto, o doente esquecido,
7 Além, tropeça e cai, sem a escora de alguém,
O velhinho largado à vastidão da noite,
Que recebe, por leito, a terra de ninguém;
8 Mais adiante, é a viuvez cansada de abandono,
Almas na solidão de torturante espera,
Implorando socorro ao telheiro vazio
A recolher somente a dor que as dilacera;
9 Flagelam-se, mais longe, os tristes companheiros
Que andaram sem pensar, nas veredas do crime,
Rogando leve olhar de bondade e esperança,
Numa frase de paz que os restaure e reanime!…
10 Ante os erros que encontres, não censures
Nem te queixes… Trabalha, alma querida!…
Deus quer misericórdia!… Ama, serve, abençoa
E Deus te susterá nas provações da vida.
11 Vem como és e auxilia quanto possas,
Nem clames pelo Céu, sonhando em vão!…
Nosso Senhor te aguarda tão somente,
Traze teu coração!…
Maria Dolores
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