1 Quem de nós não terá caído, alguma vez, em abandono ou penúria, aflição, amargura, engano ou perturbação?
2 À face disso, para nós o samaritano da bondade ( † ) — a criatura que nos reergue ou reanima — será sempre aquela pessoa:
3 que nos acolhe nos dias de tristeza com a mesma generosidade com que nos abraça nos instantes de alegria;
4 que nos estima, assim tais quais somos, sem reclamar-nos espetáculos de grandeza, de um dia para outro;
5 que nos levanta do chão das próprias quedas para o regaço da esperança, sem cogitar de nossas fraquezas;
6 que nos alça do precipício da desilusão ao clima do otimismo, sem reprovar-nos a imprevidência;
7 que nos ouve as queixas reiteradas, rearticulando sem aspereza o verbo da paciência e da compreensão;
8 que nos estende essa ou aquela porção dos recursos de que disponha, em favor da solução de nossos problemas, sem pedir o relatório de nossas necessidades e compromissos;
9 que nos oferece esclarecimento, sem ferir-nos o brio;
10 que nos ilumina a fé, sem destruir-nos a confiança;
11 que se transforma em harmonia e concurso fraterno, seja em nossa casa, ou no grupo de serviço em que trabalhamos;
12 que se nos converte no cotidiano em apoio e cooperação, sem exigir-nos tributos de reconheci mento;
13 que, por fim, se transubstancia, em nosso benefício, em luz e consolação, amparo e bênção.
14 Detenhamo-nos a pensar nisso e lembrando, reconhecidamente, quantos se nos fazem samaritanos do auxílio e da bondade, nas estradas da existência, recordemos a lição de Jesus e, diante dos outros, sejam eles quem sejam, façamos nós o mesmo.
Emmanuel
(Anuário Espírita 1974)