1 Meditando estrada afora,
Perceberás com clareza
Que a vida fulge ensinando
No livro da Natureza.
2 Por sugestão de fé viva
Ante a aflição que te invade,
Recorda a força tranquila
Do ninho na tempestade.
3 Estendendo amparo a todos
No culto da Lei Divina,
A árvore não devora
Os frutos que dissemina.
4 Repara o incêndio no campo
Que a tudo atinge e consome…
A ambição é como fogo
Que morre de gula e fome.
5 Não censures nem condenes.
Melhora a feição da estrada.
O pão alvo nasce puro
Da lama regenerada.
6 Resguarde-te a paciência
Se a dor te parece um mal.
Contempla a rosa florindo
Na ponta do espinheiral.
7 Evita a lamentação.
A mágoa que chega e fica
Traz a queixa que parece
A praga da tiririca.
8 Por lição de lealdade
A rota em que persevera,
A andorinha brilha sempre
Nas luzes da primavera.
9 Mostrando que o bem é glória
Na mais humilde expressão,
O esgoto na moradia
É a caridade no chão.
10 Toda pessoa ociosa
Cuja vida é sombra e nada,
Tem o perigo iminente
Do poço de água parada.
11 Serve a Deus em teu lugar.
Pouco faz quem muito ousa.
A galinha muito andeja
Tenta o bote da raposa.
12 Há quem traga insulto à fonte,
Mas a fonte segue e vence-o,
Por receber todo insulto
Em melodia ou silêncio.
13 Escutando a alma das coisas,
No dever de cada dia,
Entenderás pouco a pouco,
A Eterna Sabedoria.
Casimiro Cunha
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