1 Estende as próprias mãos
Entregando o tesouro que ajuntaste
Ou rogando a migalha
Dos tesouros alheios…
2 Repara, todavia,
As mãos abnegadas
Que constroem a vida…
3 Mãos que sangram no campo,
Na condução do arado;
4 Mãos erguidas na escola,
Em louvor da cultura;
5 Mãos feridas na indústria
Exaltando o conforto;
6 Mãos que afagam doentes,
Renovando a alegria…
7 Mãos que servem a mesa,
Enriquecendo o pão;
8 Mãos nervosas e firmes
Nos volantes bulhentos
Ajustando as artérias
Do progresso incessante.
9 Mãos que erguem a enxada,
Mãos que empunham a pena…
10 Mãos que fiam,
Que agasalham,
Que abençoam,
Que consolam…
11 Assim, pois,
Na graça da fortuna
Ou na dor da carência
Escuta a melodia
Das mãos entrelaçadas
Na oficina do mundo.
12 E traze com valor
As tuas mãos também,
Cedendo de ti mesmo,
Em suor e esperança,
Ao serviço de todos,
E entenderás, por fim,
Que o trabalho do bem
É a Santa Caridade
Que verte sobre nós
Do Eterno Amor de Deus.
Rodrigues de Abreu
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