O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Adeus solidão — Familiares diversos


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Leonardo Henrique Moglié

Quando Leonardo Henrique Moglié faleceu, em 17 de fevereiro de 1966, vítima de acidente na Estrada Osório-Tramandaí, Rio Grande do Sul, contava 28 anos.

Leonardo e sua jovem esposa, Yvonne Ellwanger Moglié, tinham, então, sete filhos, quatro legítimos e três adotivos.

Após a desencarnação, nos quinze anos de separação compulsória, até a recepção da mensagem por Chico Xavier, D. Yvonne adotou outros quinze filhos, de modo geral encaminhados pelo Juizado de Menores de Porto Alegre, muitos portadores de lesões neurológicas ou distúrbios de conduta graves.

Foi com surpresa que a Missionária do Bem, dedicada mãe de filhos desamparados, acompanhando caravana de espíritas gaúchos a Uberaba, organizada por Sady Soares Salatino, eminente espírita do Sul, recebeu a inesperada carta do esposo, eloquente testemunho de amor do companheiro saudoso.

Sobre o texto psicografado, diz D. Yvonne:


DEPOIMENTO


“Minha vida de viúva com meus filhos e o mundo foi pontilhada de lutas titânicas, agressões físicas, acusações gratuitas, calúnias, renúncias e dificuldades pecuniárias que eu debitava na conta de Jesus e prosseguia na oração e no trabalho.

“Mas alguém sempre nos socorria… Hoje sei que era ele, o esposo, o pai que em Espírito voltava ao lar e o mantinha de pé: filhos me obedecendo, respeitando e me abraçando em prantos depois de furiosas tempestades.

“Era a força do pai, atuando na fragilidade da mãe, fazendo-me a comandante enérgica e amorosa do nosso barco doméstico.

“Já não me sinto só na educação de nossos filhos, porque ele está “rente” comigo em todos os encargos que abraçamos.”


MENSAGEM


1 Querida Yvonne. Deus nos abençoe sempre.

2 Sinto-me num grande momento. Sei que o nosso intercâmbio é incessante, mas pedi aos nossos Instrutores me fornecessem ocasião para trazer-te o meu abraço, extensivo a todos os companheiros do Sul que o nosso caro irmão Salatino conseguiu arrebanhar para uma excursão de fraternidade, qual essa em que a vejo na condição de parte integrante do conjunto de amigos, com os quais partilhamos a nossa felicidade construída nos alicerces do trabalho e da fé em Deus.

3 Querida companheira, a nossa união não terminou naquele acontecimento difícil da estrada Osório-Tramandaí.

4 Podes crer que refletia no futuro de nosso querido Leonardo, o filhinho que Deus nos concedeu semanas antes, n quando fui compelido ao torpor em que me reconheci, de repente, desmembrado do veículo físico de que me utilizava, para ser o homem repleto de esperança e otimismo que sempre fui.

5 Amparado no recanto espiritual de nosso sempre lembrado instrutor Angel Aguarod Torrero, n restabeleci-me do choque e da mágoa compreensível a que me vi relegado.

6 Muito vagarosamente sabia que o teu ânimo não se abatera, que continuavas sendo a companheira valorosa, conquanto sofrida, depois do meu retorno ao Lar Espiritual e isso me reerguia, também, a coragem.

7 Os conflitos, comigo mesmo, não foram fáceis de vencer.   8 Agora, porém, conforme sabes, desde muito tempo, aqui me tens contigo, dividindo as nossas tarefas com o carinho e a veneração de sempre, sentimentos que nutro por ti, porque não consigo olvidar que, também, fui a tua criança número um, a quem conduziste para o discernimento que me vacinou contra a revolta, no momento em que me aceitava na posição do homem despejado de casa e do corpo físico, atendendo-se a uma vontade mais forte do que a minha.

9 Gastei tempo a fim de reconhecer que as determinações de Deus se expressam muito acima das nossas e que toda a criatura possui, na contabilidade do próprio destino, um livro de débitos e haveres que precisa ser revisado, de quando em quando.

10 O meu foi submetido a violenta inspeção no golpe que nos distanciou aparentemente um do outro; entretanto, por teus créditos, melhorei, por empréstimo, as minhas próprias condições e suportei, sem cair, a provação que nos atirou a tantas dificuldades e perguntas.

11 Agora, quinze fevereiros passados, estou quase no ponto que desejas. Não me suponhas longe de nossas tarefas e de nossos filhos.

12 A Lívia e a Andrea com os problemas dos olhos, o Amílcar e as convulsões renovadoras, o nosso Leonardo aprendendo a pensar com segurança e a nossa Virgínia n são todos realmente filhos de nosso imenso amor a Deus e aos nossos compromissos.

13 Serão, talvez, excepcionais para muita gente, no entanto, para nós ambos, são estrelas no céu de nossa felicidade.

14 Não necessitas de novas diretrizes para o trabalho em andamento.

15 Hoje, sei que muitos Espíritos cultos na inteligência se fazem discípulos das mães consagradas aos filhinhos na intimidade do lar e, por isso mesmo, sou eu ou somos nós, os teus amigos espirituais, os teus aprendizes de sempre.

16 Não se sabe na Terra de faculdade alguma que ensine o amor pelo sacrifício de quem ama e essa prerrogativa pertence às mães, quais tu mesma, corações que se ocultam, voluntariamente, na penumbra do serviço incessante, a fim de que os entes queridos possam brilhar.

17 Estou rente contigo em todos os encargos que abraçamos. Nossa Débora e nosso Luiz permanecem, igualmente, em minhas preces nas quais rogo a Jesus os mantenham unidos e felizes.

18 E, lembro-me de que nossa querida Carina, n também, merece a harmonia dos pais queridos, a fim de se desenvolver tranquila e segura, tanto quanto desejamos.

19 Querida Yvonne, o nosso querido “papai” Paulo n continua recebendo todas as minhas atenções.

20 A vida continua no mais Além e o Amor é sempre mais Amor, quando a vida parece impor separação e distância a nós outros.

21 A saudade é uma fonte para os corações que se interligam nos mesmos caminhos de sonho e realização.

22 Vieste até aqui na companhia de muitas afeições e o mesmo acontece a nós os companheiros de visita à caravana de paz e solidariedade que constituíram, para compartilharem conosco desta noite de bênçãos.

23 Aqui se encontram, conosco, devotados obreiros do Senhor no campo da Verdade e da Luz.

24 Dentre muitos amigos, assinalo a presença de nossos mentores e irmãos Adalberto Pio, Simões de Mattos, Francisco Spinelli, Paulo Rosa, Israel Correa, Paulo Hecker, Antônio Braz, irmã Remilha B. Braz, a irmã pelo coração Maria Remine Feijó, o amigo Carlos Krug Filho, o irmão Alaídes Machado, o amigo José Lopes Amarante, o casal Carlos e Mercedes Ferrari, o casal João Cândido e Morena Moraes n e muitos outros companheiros que se nos reúnem aos votos de paz e progresso, felicidade e segurança para a Humanidade inteira.

25 Estamos alegres e reconhecidos. Não especificaremos nomes dos companheiros presentes, mas personificamos no amigo Salatino o nosso carinhoso reconhecimento a todos.

26 E, entregando-te, como sempre, o meu devotamento de esposo e amigo de todos os dias, faço questão de reafirmar-te que continuo sendo, constantemente, o teu

Leonardo

Leonardo Henrique Moglié

26.06.1981.


Caio Ramacciotti



[49] Leonardo nascera dias antes do falecimento do pai.

[50] Guia Espiritual da Sociedade Espírita Paz e Amor, de Porto Alegre, RS.

[51] Leonardo — último filho legítimo do casal, portador de mongolismo. Lívia, Andrea, Amícar e Virgínia, filhos adotivos, excepcionais, lembrados pelo pai.

[52] Débora, Luiz, Carina — respectivamente, a filha, o genro e a netinha.

[53] Refere-se ao sogro, Paulo Ellwanger.

[54] Benfeitores Espirituais da Causa Espírita no Rio Grande do Sul, além de familiares desencarnados de companheiros gaúchos, presentes à reunião de Uberaba em que Chico recebeu a mensagem.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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