“Dadinha”, Felicidade de Fátima Alves, natural de Patos de Minas, MG., nasceu a 11 de janeiro de 1959, vindo a falecer, em acidente de trânsito, aos 19 de outubro de 1980, em Cuiabá, Estado do Mato Grosso.
Filha de Augusto Alves Pinto e de D. Lázara Alves Pinto, formada em Licenciatura pela Universidade Federal do Mato Grosso, ao acidentar-se, Dadinha voltava da comemoração do natalício do sobrinho Rodolfo, fato que menciona na mensagem e que lembramos para que o leitor ainda uma vez observe a clareza da transmissão mediúnica, pois o Chico sequer conhecia esse pequeno detalhe.
Em carta-depoimento, assim se expressou o Sr. Augusto a propósito do recado da filha:
DEPOIMENTO
“O choque violento da separação, além da profunda tristeza que se abateu sobre a família, trouxe uma espécie de perplexidade, talvez em função da própria surpresa dos acontecimentos.
Muito pequenos diante dos mistérios de Deus, vivemos dias nebulosos de incerteza que quase nos arrastaram ao desespero total e absoluto.
E foi dentro dessa panorâmica desoladora que decidimos procurar o querido amigo Chico Xavier, com quem sempre mantivemos um contato periódico.
Mesmo contrariando um princípio de poupar ao máximo os amigos, a necessidade de vê-lo foi maior que o nosso desejo de não importuná-lo.
E quis Deus que nossa filha Felicidade de Fátima Alves (Dadinha) obtivesse autorização superior naquela noite e escrevesse a carta que lhe passamos às mãos, cujo teor constitui-se em verdadeiro bálsamo para nossa desolação.”
MENSAGEM
1 Querido papai Augusto e querida mamãe, peço para que me abençoem.
2 Estou aqui. Acompanho-lhes a viagem. Precisava fazer isso.
3 Os dias são poucos, na conta de minha ausência pela desencarnação. 4 A minha necessidade de falar-lhes, porém, é muito grande e não posso esquivar-me a semelhante dever.
5 Acima de tudo, rogo serenidade aos pais queridos e a todos os nossos. 6 Tudo se passou de modo tão rápido que ainda me sinto presa a uma ideia de sonho.
7 O natalício do Rodolfo n representou uma alegria enorme para nós todos. E, depois, o plano de uma visita ao clube, tomou vulto em nossa cabeça.
8 Tudo seguia bem, mas na volta à casa, fui vítima do acidente, com o qual ninguém conta. 9 O choque violento me insensibilizou os centros de força.
10 Aquela batida ficou para mim incompreensível, porque um torpor invencível me dominou. 11 Não senti dor alguma. Somente ao despertar, é que me senti estranhamente chocada, e experimentando uma terrível dor de cabeça.
12 Acreditei que me achava num ambiente hospitalar para socorro de emergência, mas em vão pedi a presença dos meus.
13 Creio que depois de uns dois dias, em meu cálculo de tempo, é que recebi a visita de uma senhora cuja fisionomia estava impressa em minhas lembranças.
14 Depois de alguns minutos, deu-se a conhecer, informando ser a vovó Felicidade, n de quem tantas vezes ouvira doces referências em família. 15 Então soube de todas as minudências de meu desligamento da vida física.
16 Aos poucos, aquele diálogo terno e construtivo me excitou a memória e passei a reconstituir na imaginação a noite e as ocorrências da noite que me marcaram o término da experiência terrestre.
17 Imaginarão ambos como chorei, ao sentir-me desvinculada da família e do lar.
18 No entanto, a vovó Felicidade me esclareceu que eu viera para a Vida Espiritual no momento certo. 19 E me trouxe à presença da vovó Carlinda, da tia Maria Alves, n do Padre Caldeira, do Professor Modesto e de uma senhora conhecida pelo nome Guiomar de Melo n amiga de minhas avós, a quem devo agora muitas gentilezas.
20 Um benfeitor, conhecido por Dr. Marcolino, tem me prestado muitos favores e peço aos queridos pais ficarem tranquilos a meu respeito.
21 A vovó Felicidade solicitou de benfeitores diversos a devida permissão para que eu viesse, embora a convalescença em que me vejo, especialmente para reconfortá-los com minhas notícias e rogar, ao nosso querido René, n para não cogitar de qualquer manifestação de violência contra o pobre amigo, em cuja companhia encontrei a desencarnação.
22 Papai, rogo à sua bondade pedir ao querido irmão para desistir de qualquer propósito de reparação indébita.
23 Por amor a Jesus, que nos ensinou o perdão incondicional das ofensas, venho suplicar a meu irmão esquecer o acontecido, porque se alguma leviandade compareceu no caso em que perdi o corpo físico, isso poderia suceder com qualquer de nós.
24 Mãezinha querida, auxilie-me. Não venho ao intercâmbio desta noite, senão tentando impedir qualquer violência que nenhum remédio ofereceria à nossa situação.
25 Vovó Felicidade, no otimismo e na bondade que lhe enfeitam a alma nobre, chega a me dizer que a nossa família precisava de alguém aqui na Espiritualidade, para colaborar com a nossa casa, sempre apoiada nas bênçãos de Deus. Precisamos de paz e compreensão.
26 Agora, querida mamãe, tudo vejo tão claro!
27 É tão belo pensar que guardamos a possibilidade de esquecer qualquer ofensa e transpor todos os obstáculos, usando o amor e a fé.
28 Eu própria que, tantas vezes, me expressava segundo os condicionamentos de tanta gente que raciocina desfavoravelmente sobre os que se fazem instrumentos de nossas provações, estou plenamente transformada.
29 Não podemos julgar os nossos semelhantes, porque todos somos filhos de Deus, passíveis de cometer faltas maiores do que aqueles que tantos apontam na posição de culpados.
30 Oh! Deus de Bondade, como agradeço a minha própria renovação!
31 Peço ao seu carinho, mamãe querida, dizer à Marluce, à Marlene, à Iralva, à Eva Lúcia, ao René, ao Renato e ao Ricardo, n que nascemos para o bem e que a nossa família é sagrada, reclamando-nos apoio, a fim de que os nossos que vão chegando agora, ao seio de nossa comunidade familiar, se façam felizes sobre os alicerces de união que pudermos construir.
32 Mamãe querida, o papai necessita e necessita sempre de sua proteção e de concurso positivo, a fim de cumprir os seus encargos de homem de bem.
33 Pai querido, sua filha sabe agora quantas lágrimas lhe custaram o trabalho que desempenha e está em preces a Jesus para que a sua saúde e a sua alegria de viver e trabalhar não esmoreçam.
34 Ainda não consegui repousar quanto necessito, porque não conseguiria isso antes de faze-lo sentir quanto o amamos e pedir à mãezinha nos sustente a paz como sempre. Além desse objetivo, o pedido ao René me preocupava.
35 A Regina realmente me registrou a presença, porque com o amparo de amigos que me sustentam, necessitava ansiosamente transmitir-lhes as palavras que procuro grafar aqui, embora ainda sob as consequências do choque em que fui surpreendida pela transformação em que me vejo.
36 Rogo calma a todos os nossos e pleno esquecimento da ocorrência triste que, no fundo, expressa a Bondade de Deus, auxiliando-nos no momento justo.
37 Pai querido e querida mãezinha, abramos nossos corações ao Sol de Jesus.
38 Se não fosse a dor, como daríamos lugar à alegria em nossos corações?
39 E não fosse a tristeza das sombras, de que modo saberíamos avaliar a grandeza da luz?
40 Peço amor para todos. Deus não nos abandona. 41 Não temos adversários e, sim, irmãos que necessitam de nosso entendimento e de nossas preces.
42 Estou certa de que meus apelos encontrarão eco nos corações amados.
43 Pais queridos, rogando à Divina Providência nos conserve unidos e felizes no trabalho que o Céu nos concedeu realizar, com muitas saudades, mas com muita confiança em Deus, beija-lhes os corações inesquecíveis, a filha sempre mais reconhecida.
Dadinha
10.11.1980.
AINDA SOBRE A DADINHA
Na noite de 10 de novembro de 1980, além da carta da Dadinha, o Sr. Augusto recebeu pelo Chico o seguinte recado, assinado por Joaquim Antônio Brandão:
“Augusto amigo, confiemos em Deus. Sou companheiro de suas tarefas e desejo identificar-me, a fim de acentuar a sua fé na Providência de Deus.
Meu nome é Joaquim Antônio Brandão e desencarnei na cidade de Cuiabá, onde a sua residência se fixou nos últimos anos, no dia 18 de fevereiro de 1933. Isto é verificável nos assentamentos da cidade.
Fui espiritualista e continuo espiritualista na Vida Maior, onde o seu coração dedicado ao bem possui numerosos amigos. Dentre eles, está o seu irmão e servidor muito grato de sempre.”
Surpreso com a informação, o Sr. Augusto, que jamais ouvira falar de Joaquim Antônio Brandão e sequer era nascido em 1933, voltando a Cuiabá pôs-se a campo, para confirmar a informação recebida mediunicamente.
Em livro arquivado no Cemitério da Piedade de Cuiabá, único existente nos idos de 1933, na página 177, encontrou-se o assentamento, cujo fac-símile apresentamos ao leitor: n
“Aos dezoito dias do mes de Fevereiro de anno de 1933, as desessete horas, foi sepultado neste Cemitério da Irmandade do Glorioso S. Benedito, o cadáver de Joaquim Antônio Brandão, com 52 annos de idade, côr branca, casado, advogado e natural deste Estado, sendo Causa Mortis tuberculose pulmonar, como se vê no Certificado do Cartório do official do registro civil. Cemitério do 1.º Districto da Capital em 16 de Fevereiro de 1933.”
Observe o leitor que o óbito foi registrado no livro do cemitério com a data de 16 não obstante ter-se verificado a 18 de fevereiro.
O Sr. Augusto, pai de Dadinha, esclareceu-nos a aparente contradição que, aliás, mais destaca a extraordinária revelação mediúnica. Sendo Cuiabá, na época, município ainda pequeno, os raros óbitos que aconteciam em um determinado mês eram anotados à parte e depois transferidos para o livro competente, com o seguinte critério: no dia 15 de cada mês, registravam-se todos os falecimentos ocorridos na primeira quinzena e no dia 16, todos os óbitos ocorridos na segunda quinzena do respectivo mês!!!
Caio Ramacciotti
[36] Rodolfo Alves Lopes, sobrinho que Dadinha visitara pouco antes do acidente.
[37] Felicidade da Mata Cambraia, desencarnada no ano de 1946, em Patos de Minas.
[38] Carlinda da Mata Cambraia Pinto e Maria Alves, ambas falecidas em Patos de Minas, respectivamente em 1973 e na década de 1960.
[39] Padre Caldeira, Prof. Modesto, Guiomar de Melo e Dr. Marcolino — Personalidades muito respeitadas em Patos de Minas e já falecidas há mais de meio século.
[40] Irmão de Dadinha.
[41] Seus irmãos, Marluce Maria Alves Lopes, Marlene Maria Alves Silva, Iralva Maria Alves Pacheco, Eva Lúcia Alves Pacheco, René Adão Alves Pinto, Renato Alves Pinto, Ricardo Augusto Alves Pinto.
[42] Vide livro impresso à pág. 78.