1 Chamados a substancializar o Evangelho de Jesus no campo da vida humana, decerto nós outros, os espíritas, encarnados e desencarnados, somos constrangidos a levantar em nós mesmos os alicerces do reino de Deus, adstritos à verdade de que o céu começa no próprio homem.
2 Em razão disto, os velhos processos da construção palavrosa, através dos quais o verbo, muita vez, deve superar o nível do exemplo, não podem constituir padrão às nossas atividades.
3 Também nós possuímos o tesouro do tempo, muito mais expressivo que a riqueza amoedada e, por isso, ao invés de criticar o companheiro que padece a obsessão da autoridade e do ouro será mais justo operar com o nosso próprio trabalho a lição da bondade incessante, sem nos perdermos no vinagre da censura ou no nevoeiro da frase vazia.
4 Nós, igualmente, guardamos conosco os talentos da fé raciocinada, muito mais sólidos que os da crença vazada em cegueira da alma, 5 competindo-nos, desse modo, não a guerra de revide ou condenação aos que não nos esposam os pontos de vista, mas sim a prática da tolerância fraterna e da caridade genuína, pelas quais os nossos companheiros de evolução e de experiência consigam ler a mensagem da Vida Maior, abandonando, naturalmente, as grilhetas da ignorância.
6 Não nos bastará, dessa forma, a confissão labial da fé com o entusiasmo de quem se vê na eminência dos princípios superiores. 7 É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e ensinando-lhes pela cartilha de nossas próprias ações o caminho renovador, suscetível de oferecer-lhes a paz divina.
8 Sem dúvida, milhões de inteligências agregam-se à ilusão e à crueldade, descerrando aos homens resvaladouros calamitosos, preparando o domínio da morte e fortalecendo o poder das trevas. 9 Todavia, a nós outros se roga o cérebro e o coração para que o Cristo se manifeste em plenitude de sabedoria e de amor, nas vitórias do espírito, por intermédio das quais a humanidade, ainda na sombra, será finalmente investida na posse da eterna luz.
Emmanuel
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original e seu conteúdo, diferindo nas palavras marcadas e [entre colchetes], foi psicografada em 03/06/1957 e publicada em 2007 pela editora VL e é a 394ª lição do
livro “Deus conosco.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.