1 Casimiro era bom pai…
E pai sempre é o companheiro
Que trabalha todo dia
Para cavar o dinheiro.
2 Para que tanta moeda?
Ouço a pergunta, assim rasa…
Não respondo… Pai é sempre
O grande esteio da casa.
3 É a compra em supermercado,
Levando o carro de mão,
É a conta da leiteria,
Da luz, do gás e do pão.
4 É a despesa no colégio
De quatro filhos pequenos,
O preço da condução,
Sempre mais, nunca de menos.
5 É o pagamento ao dentista,
É a grana da costureira,
O preço das aulas-extras
À criançada matreira.
6 É a prestação em aumento
Do pequenino lugar
Que lhe conserva a família
Na bênção do próprio lar.
7 É a cobrança da farmácia
Das encomendas do mês,
O pobre, em sabendo quanto,
Coça a cabeça outra vez…
8 É a verba particular
Que deve trazer em mão,
Para os frequentes consertos
Da velha televisão.
9 É o cobre ao cabeleireiro,
A conta do eletricista,
As notas do verdureiro
Com pagamentos à vista…
10 Casimiro chega em casa,
Cansado, suor na testa…
Trabalhara no domingo
Mas achou o lar em festa.
11 Encontrou seus velhos pais,
Entre vizinhos em bando,
A esposa, o bolo mais rico
E a meninada cantando…
12 Sem graça, saudou a todos,
E, ao encostar-se na mesa,
O pobre via a festa,
Meditava na despesa.
13 Os quatro filhos cantavam:
— “Todo pai tem seu dia,
Viva o papai sempre amigo
E viva a nossa alegria!…
14 “Viva o papai sempre amado
E viva o nosso vovô!…”
Mas a pensar em despesas,
Casimiro desmaiou.
Jair Presente
|