1 Recordo-te o perfil e a nobreza do porte;
Empinando o corcel por esquecidas landas,
Incendeias, invades, feres e comandas,
Onde passas é o crime, a dor, o sangue e a morte…
2 A vocação do horror ninguém há que te corte,
Queres terras mais terras, a fim de que te expandas,
No intuito de arrasar palácios e locandas,
Mas tombas ao punhal de um príncipe mais forte.
3 Vi-te a gemer no Além, sob o aguilhão das trevas,
E hoje te achei a chorar nas cruzes que ainda levas,
Vivo-morto sofrendo incessante agonia.
4 No entanto, louva o fel das tuas grandes provas,
Pés sangrando em caminho; nelas te renovas
Para alcançar de novo a luz de Novo Dia!…
Epiphânio Leite
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