1 Muito difícil expor
Este assunto diferente;
Mas os mentores insistem,
Não posso ser renitente.
Na Terra de hoje é grande
A luta do adolescente.
2 Há muitas acusações
Em torno da petizada,
Muitos lhe notam abusos
No lar, na rua, na estrada,
E eis que um nome se lhe atira:
“Juventude transviada”.
3 De fato, a muitos excessos
A gente verde se lança,
Mas não se pode arredar
De nossa própria lembrança
Que a puberdade revela
O que colheu em criança.
4 Antigamente se viam
Meninas e rapazolas
Depois do trabalho em casa,
Entre petecas e bolas,
Livros, cadernos e lousas,
Lições, deveres, escolas.
5 Aos sábados e domingos,
Sempre na trilha dos pais,
Tinham passeios no campo,
Alguns folguedos a mais,
Visitas às goiabeiras,
Distrações nos laranjais.
6 Entretanto, atualmente,
Pelo “sim” ou pelo “não”,
Em qualquer parte da Terra,
É grande a transformação;
Desde cedo, a criançada
Está na televisão.
7 Os pequeninos atentos,
Seja na rua ou no lar,
Registram quadros tremendos,
Assuntos de arrepiar,
Assaltos, crimes e furtos,
E tocam a perguntar…
8 Querem saber sobre sexo,
Em todo e qualquer artigo;
Muitos adultos se ausentam,
Temendo entrar em perigo…
Papai diz: “Não tenho tempo”.
Diz mamãe: “Depois eu digo”.
9 Os pais, coitados, nem contam
As horas que o dia tem,
Necessitam trabalhar
No ritmo de vaivém,
Precisam pagar colégio,
Farmácia, gás, armazém…
10 Os meninos vão à rua
Para o que der e vier;
Procuram experiência,
Interpelando a qualquer;
Cegonhas e carochinhas
São casos que ninguém quer.
11 Nos fatos mais escabrosos,
A meninada se aguenta,
A turma toda se gasta
Na atividade violenta;
Aos doze anos, já sabe
O que aprendi nos quarenta.
12 Eu sei que há milhões de jovens
Honrando o próprio dever,
Falo aqui, unicamente,
Dos que só querem prazer
E chegam aos vinte anos
Pedindo para morrer.
13 Esses verdes companheiros
Sem controles e sem contas
Parecem fazer da vida
Uma vela acesa, às tontas,
A consumir-se apressada
No fogo de duas pontas.
14 Qual a Terra de amanhã?
Pergunto comigo a sós.
Responda quem tenha vez
E muito peito na voz;
Só peço a Deus que nos guarde
Com pena de todos nós.
Leandro Gomes de Barros
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