1 Amados, rogo a Deus vos compense a ternura
Que me ofertais na campa em marmóreo jardim,
A capela de adorno, as cruzes de marfim,
O abrigo de milhões que os restos me enclausura…
2 Entretanto, atendei!… Levai de sobre mim
A riqueza de pedra e as joias de escultura,
Transformai-as em pão na vereda insegura
Da penúria que vejo agora de onde vim!…
3 Peço a cova sem luxo, um recanto sem palmas.
Em memória do amor que funde as nossas almas,
Não me façais lembrar o orgulho triste e vão.
4 Mas aceito, feliz, as flores que me destes
E as preces de saudade, à sombra dos ciprestes,
Que me trazem consolo e vida ao coração.
Rodrigues de Carvalho
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