1 Recebi o seu bilhete,
Meu caro Joaquim Lorena.
Respondo: — ódio é loucura
Que nunca valeu a pena.
2 Sei que você tem sofrido
Muita pedrada encoberta…
Mas não se vingue. Perdoe.
O tempo tudo conserta.
3 Quem apanha aguenta feras,
Assim qual você me diz,
Mas quem ofende ou maltrata
É muito mais infeliz.
4 Para quantos nos imponham
Golpe, injustiça, pesar,
Injúria ou perseguição,
A desforra é perdoar.
5 Assim é, porquanto a vida
Não faz princípios em vão.
E a vida extingue as discórdias
Na Lei da Reencarnação.
6 Veja o problema de Amélia:
Por ódio arrasou com Benta,
Mas Benta nasceu de novo,
É a filha que ela amamenta.
7 Numa aversão prolongada,
Ninica matou Concheta…
E eis que a vítima voltou,
São agora avó e neta.
8 Numa briga provocada
Cristino apagou Léo Gama…
Léo, porém, tornou à Terra,
É o filho que ele mais ama.
9 Prejudicavam-se em ódio,
Rosendo e Janjão de Tuta…
Morreram e renasceram,
Dois irmãos gêmeos em luta.
10 Lalau em longa demanda
Matou Quincas da Moenda…
Quincas voltou, é o netinho
Que vai herdar-lhe a fazenda.
11 Por ódio ao genro, o Trajano
Caminha de mal em mal,
Sempre esgotado e nervoso,
De hospital para hospital.
12 Se você quer ser feliz
Nunca se arrede do bem,
Auxiliando e servindo,
Não pense mal de ninguém.
13 Perante a Bênção da Vida
Perdão é saúde e fé,
Ame e perdoe, caro amigo,
Deus é Amor, isso é que é.
Cornélio Pires
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