O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Aceitação e vida — Margarida Soares


Capítulo 2

Pedro Leopoldo — 26-11-1935

1. — O manto de virtudes.

1 Que a Virgem Piedosa envolva os (nossos) corações amorosos e sensíveis nas dobras luminosas do seu manto divino, constelado de todas as virtudes, concedendo-nos força, resignação e fé.


2. — O orvalho celeste.

1 A existência terrena é a estrada espinhosa das provações ásperas e amargas, mas redentoras.

2 As lutas domésticas hão recrudescido, os espinhos da prova dilaceram-nos a alma, contudo, não nos faltarão mãos desveladas e carinhosas do Plano espiritual, as quais, apesar da sua intangibilidade, derramarão sobre o mundo interior o orvalho celeste dos mais sagrados confortos.


3. — Provação e resgate.

1 Vamos todos resgatando dívidas de passados delituosos e obscuros. É por isso que, muitas vezes, enquanto ao mundo se afigura nossa aparente felicidade, sofremos resignadamente, porque essa mesma sociedade que nos sorri desconhece o labirinto de nossas inquietações.


4. — A Rosa de Nazaré.

1 Os benfeitores espirituais, que buscam amparar-nos o coração em provas no lar, sabem de todas as nossas angústias maternas; em todas elas, porém, lembram-nos daquela que ainda hoje é a Mãe de todas as mães.

2 Receber a sacrossanta missão da maternidade é copiar a alma da Rosa de Nazaré, que soube sorver até a última gota a taça de fel das próprias amarguras.

3 Recordemos o desvelado amor desse Anjo das mães sofredoras e incompreendidas e sentiremos no íntimo a força poderosa da resistência.


5. — A grinalda e a auréola.

1 Nem sempre, a grinalda de flores de laranjeira tem a delicada contextura dos sonhos que arquitetamos ao buscar o laço sacrossanto que nos une a outro ser na existência terrestre; muitas vezes esse traço romântico é o símbolo perfeito daquela auréola de espinhos com que se premiou no mundo o sonho de perfeição daquele que é sempre o Mestre Divino de todos os mestres.


6. — Nosso santelmo.

1 O doce licor do ideal como o criamos em nossa imaginação, torna-se, com o tempo, como aquele vinho amargo cujo gosto cruel foi levado aos divinos lábios, no cimo da cruz.

2 A vida na Terra tem desses contrastes e dessas dores rudes. Não nos assustemos porém, em face do destino.

3 Muito venceremos, algumas vezes pensando nos filhos bem amados, em outras ponderando sobre o amor de nossos pais carinhosos, dignos de toda a nossa mais respeitosa afeição, se nos levarmos sempre pelos caminhos da fé inabalável. 4 Essa fé é o nosso santelmo no meio da tempestade.

5 Não a deixemos nunca, porque ela é um laço suave unindo nossa alma a quantas do Além seguem desveladamente os nossos passos, cooperando pela nossa evolução espiritual.


7. — Diante da incompreensão.

1 Junto aos nossos companheiros de Jornada Terrestre, inúmeras vezes provamos o fel amargo da incompreensão.

2 Façamos o possível para adaptar todas as nossas aspirações dentro do Evangelho.

3 Não nos impressionemos com as atitudes incompreensíveis daqueles a quem nos ligamos pelo código do Dever.

4 Se o passado fala muito forte em seus corações, amemos-lhes intensamente, entregando-lhes a Deus.


8. — Serviço, prece e Jesus.

1 Ao sentirmos o coração sensibilíssimo humilhado diante das atitudes insólitas daqueles que nos não compreendem no tocante às dedicações e renúncias do lar, vençamos a estranheza destas situações, entregando a alma ao serviço, o pensamento à prece e o coração a Jesus.


9. — O ideal da serenidade.

1 Muitas vezes fazemos uma concepção muito elevada da nobreza espiritual, da delicadeza e do cavalheirismo, levando longe nossos sentimentos neste sentido.

2 Por essa razão, muitas vezes, sentimos dificuldade de perdoar muito, não obstante já termos perdoado em demasia.

3 A redenção psíquica requer essas depurações necessárias.

4 Sejamos constantemente fortes na provação e serenos diante das terrenas torturas.

5 A dor costuma doer mais se alguém nos vê chorar e por isso não esmoreçamos no ideal da serenidade.


10. — Justiça e misericórdia.

1 Forneçamos um exemplo de fé e resistência aos nossos filhinhos.

2 Formemos os seus caracteres com nossos bons exemplos e não duvidemos de que muitas compensações chegarão um dia para a nossa alma.

3 E, se os nossos desejos justos no tocante ao problema educativo não forem integralmente satisfeitos, consideremos que há sempre uma justiça e uma misericórdia imensa reinando sobre todas as coisas.


Margarida


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