O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A caminho da Luz — Emmanuel


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O Século XIX

(Sumário)

1. Depois da Revolução.


1 Afastado Napoleão dos movimentos políticos da Europa, adotam-se no Congresso de Viena, em 1815,  †  as mais vastas providências para o ressurgimento dos povos europeus.

2 A diplomacia realiza memoráveis feitos, aproveitando as dolorosas experiências daqueles anos de extermínio e de revolução.

3 Luís XVIII, conde de Provença, irmão de Luís XVI, é chamado ao trono francês, restabelecendo-se naquela mesma época antigas dinastias. 4 Também a Igreja é contemplada no grande inventário, restituindo-se-lhe os Estados onde fundara o seu reino perecível.

5 Um sopro de paz reanima aquelas coletividades esgotadas na luta fratricida, ensejando a intervenção indireta das Forças Invisíveis na reconstrução patrimonial dos grandes povos.

6 Muitas reformas, porém, se haviam verificado após os movimentos sanguinolentos iniciados em 1789.  †  Mormente na França, semelhantes renovações foram as mais vastas e numerosas. 7 Além de se beneficiar o governo de Luís XVIII com as imitações do sistema inglês, vários princípios liberais da Revolução foram adotados, como a igualdade dos cidadãos perante a lei, a liberdade de cultos, estabelecendo-se, a par de todas as conquistas políticas e sociais, um regime de responsabilidade individual no mecanismo de todos os departamentos do Estado. 8 A própria Igreja, habituada a todas as arbitrariedades na sua feição dogmática, reconheceu a limitação dos seus poderes junto das massas, resignando-se com a nova situação.


2. Independência política da América.


1 A maioria dos povos do planeta, acompanhando o curso dos acontecimentos, procurou eliminar os últimos resquícios do absolutismo dos tronos; aproximando-se dos ideais republicanos ou instituindo o regime constitucional, com a restrição de poderes dos soberanos.

2 A América, destinada a receber as sagradas experiências da Europa, para a civilização do futuro, busca aplicar os grandes princípios dos filósofos franceses à sua vida política, caminhando para a mais perfeita emancipação. 3 Seguindo o exemplo das colônias inglesas, os quatro vice-reinados da Espanha  †  procuraram lutar pela sua independência. 4 No México os patriotas não toleraram outra soberania além da própria e, no Sul, com a ação de Bolívar  †  e com as deliberações do Congresso de Tucumã,  †  em 1816, proclamava-se a liberdade política das províncias da América Meridional. 5 O Brasil, em 1822, erguia igualmente o seu brado de emancipação com Pedro I,  †  sendo digno de notar-se o esforço do Plano Invisível na manutenção da sua integridade territorial, quando toda a zona sul do continente se repartia em pequenas repúblicas, atendendo-se à missão generosa do povo brasileiro, na civilização do porvir.


3. Allan Kardec e os seus colaboradores.


1 O século XIX desenrolava uma torrente de claridade na face do mundo, encaminhando todos os países para as reformas úteis e preciosas.

2 As lições sagradas do Espiritismo iam ser ouvidas pela Humanidade sofredora. 3 Jesus, na sua magnanimidade, repartiria o pão sagrado da esperança e da crença com todos os corações.

4 Allan Kardec, todavia, na sua missão de esclarecimento e consolação, fazia-se acompanhar de uma plêiade de companheiros e colaboradores, cuja ação regeneradora não se manifestaria tão somente nos problemas de ordem doutrinária, mas em todos os departamentos da atividade intelectual do século XIX. 5 A Ciência, nessa época, desfere os voos soberanos que a conduziriam às culminâncias do século XX. 6 O progresso da arte tipográfica consegue interessar todos os núcleos de trabalho humano, fundando-se bibliotecas circulantes, revistas e jornais numerosos. 7 A facilidade de comunicações, com o telégrafo e as vias férreas, estabelece o intercâmbio direto dos povos. 8 A literatura enche-se de expressões notáveis e imorredouras. 9 O laboratório afasta-se definitivamente da sacristia, intensificando as comodidades da civilização. 10 Constrói-se a pilha de coluna,  †  descobre-se a indução magnética, surgem o telefone e o fonógrafo. 11 Aparecem os primeiros sulcos no campo da radiotelegrafia, encontra-se a análise espectral e a unidade das energias físicas da Natureza. 12 Estuda-se a teoria atômica e a fisiologia assenta bases definitivas com a anatomia comparada. 13 As artes atestam uma vida nova. A pintura e a música denunciam elevado sabor de espiritualidade avançada.

14 A dádiva celestial do intercâmbio entre o mundo visível e o invisível chegou ao planeta nessa onda de claridades inexprimíveis. 15 Consolador da Humanidade, segundo as promessas do Cristo, o Espiritismo vinha esclarecer os homens, preparando-lhes o coração para o perfeito aproveitamento de tantas riquezas do Céu.


4. As ciências sociais.


1 O campo da Filosofia não escapou a essa torrente renovadora. Aliando-se às ciências físicas, não toleraram as ciências da alma a intervenção dos dogmas absurdos da Igreja. 2 As religiões cristãs, atormentadas e divididas, viviam nos seus templos um combate de morte. 3 Longe de exemplificarem aquela fraternidade do Divino Mestre, entregavam-se a todos os excessos do espírito de seita. 4 A Filosofia recolheu-se, então, no seu negativismo transcendente, aplicando às suas manifestações os mesmos princípios da ciência racional e materialista. Schopenhauer  †  é uma demonstração eloquente do seu pessimismo e as teorias de Spencer  †  e de Comte esclarecem as nossas assertivas, não obstante a sinceridade com que foram lançadas no vasto campo das ideias.

5 A Igreja Romana era culpada de semelhantes desvios. Dominando a ferro e fogo, junto dos príncipes do mundo, não tratara de fundar o império espiritual dos corações à sua sombra acolhedora. 6 Longe da exemplificação do Nazareno, amontoara todos os tesouros inúteis, intensificando as necessidades das massas sofredoras. Extorquia, antes de dar, conservando a ignorância em vez de espalhar a luz do conhecimento.


5. A tarefa do missionário.


1 A tarefa de Allan Kardec era difícil e complexa. Competia-lhe reorganizar o edifício desmoronado da crença, reconduzindo a civilização às suas profundas bases religiosas.

2 Atendendo-se à missão de concórdia e fraternidade da América, o Plano Invisível localizou aí as primeiras manifestações tangíveis do mundo espiritual, no famoso lugarejo de Hydesville,  †  provocando os mais largos movimentos de opinião. A fagulha partira das plagas americanas, como partira igualmente delas a consolidação das conquistas democráticas.

3 A Europa busca ambientar as ideias novas e generosas, que encontram o discípulo no seu posto de oração e de vigilância, pronto a atender aos chamamentos do Senhor. 4 Numerosos cooperadores diretos da sua tarefa auxiliam-lhe o esforço sagrado, desdobrando as suas sínteses em gloriosos complementos. 5 O orbe, com as suas instituições sociais e políticas, havia atingido um período de grandiosas transformações, que requeriam mais de um século de lutas dolorosas e remissoras, e o Espiritismo seria a essência dessas conquistas novas, reconduzindo os corações para o Evangelho suave do Cristianismo.


6. Provações coletivas da França.


1 Cumpre-nos assinalar as dolorosas provas da França, depois dos seus excessos na Revolução e nas campanhas napoleônicas. 2 Depois das revoluções de 1830  †  e 1848,  †  onde se efetuam penosos resgates por parte dos indivíduos e das coletividades, surge a guerra franco-prussiana  †  de 1870. 3 A grande nação latina, em virtude de causas somente conhecidas no Plano Espiritual, é esmagada e vencida pela orgulhosa Alemanha de Bismarck,  †  que, por sua vez, embriagada e cega no triunfo, ia fazer jus às dores amargas de 1914-1918.  † 

4 Paris, que assistira com certa indiferença às dores dos condenados do Terror, comparecendo aos espetáculos tenebrosos do cadafalso e aplaudindo os opressores, sofre miséria e fome em 1870, antes de cair em poder dos impiedosos inimigos, em 28 de janeiro de 1871. 5 As imposições políticas do imperador Guilherme,  †  em Versalhes,  †  e as amarguras coletivas do povo francês nos dias de derrota, significam o resgate dos desvios da grande nação latina.


7. Provações da Igreja.


1 Aproximando-se o ano de 1870, que assinalaria a falência da Igreja com a declaração da infalibilidade papal,  †  o Catolicismo experimenta provações amargas e dolorosas.

2 Exaustos de suas imposições, todos os povos cultos da Europa não enxergaram nas suas instituições senão escolas religiosas, reduzindo-se às suas finalidades educativas e controlando o mecanismo de suas ações.

3 Compreendendo que o Cristo não tratara de açambarcar nenhum território do Globo, os italianos, naturalmente, reclamaram os seus direitos no capítulo das reivindicações, procurando organizar a unidade da Itália sem a tutela do Vaticano. 4 Desde 1859, estabelecera-se a luta, que foi por muito tempo prolongada em vista da decisão da França, que manteve todo um exército em Roma para garantia do pontífice da Igreja. 5 Mas a situação de 1870 obrigara o povo francês a reclamar a presença dos guardas do Vaticano, triunfando as ideias de Cavour  †  e privando-se o papa de todos os poderes temporais, restringindo-se a sua posse material.

 6 Começava, com Pio IX, a grande lição da Igreja.
O período das grandes transformações estava iniciado, e ela, que sempre ditara ordens aos príncipes do mundo, na sua sede de domínio, iria tornar-se em instrumento de opressão nas mãos dos poderosos.

7 Observava-se um fenômeno interessante. A Igreja, que nunca se lembrara de dar um título real à figura do Cristo, assim que viu desmoronarem-se os tronos do absolutismo com as vitórias da República e do Direito, construiu a imagem do Cristo-Rei para o cume dos seus altares.


Emmanuel


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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