O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A caminho da Luz — Emmanuel


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A Família Indo-Europeia

(Sumário)

1. As migrações sucessivas.


1 Se as civilizações hindu e egípcia definiram-se no mundo em breves séculos, o mesmo não aconteceu com a civilização ariana, que ia iniciar na Europa os seus movimentos evolutivos.

2 Somente com o escoar de muitos séculos regularizaram-se as suas migrações sucessivas, através dos planaltos da Pérsia.  3 Do Irã procederam quase todas as correntes da raça branca, que representariam mais tarde os troncos genealógicos da família indo-europeia.

4 Conforme afirmávamos, os arianos que procuravam as novas emoções de uma terra desconhecida eram, na sua maioria, os Espíritos revoltados com as condições do seu degredo; pouco afeitos aos misteres religiosos que, pela força das circunstâncias, impunham uma disciplina de resignação e humildade, não cuidaram da conservação do seu tradicionalismo, na ânsia de conquistar um novo paraíso por serenarem, assim, as suas inquietações angustiosas.


 2. A ausência de notícias históricas.


1 Aí reside a razão do escasso conhecimento dos historiadores, acerca dos árias primitivos que lançaram os marcos da civilização europeia.

2 Caminheiros do desconhecido, erraram pelas planícies e montanhas desertas, não como o povo hebreu, que guardava a palavra divina com a sua fé, mas desarvorados e sem esperança, contando apenas com as próprias forças, em virtude do seu caráter livre e insubmisso.

3 Suas incursões, entre as tribos selvagens da Europa, datam de mais ou menos dez milênios antes da vinda do Cristo, não obstante a Humanidade localizar-lhes a marcha apenas quatro mil anos antes do grande acontecimento da Judeia. 4 É que, em vista de sua situação psicológica, os primitivos árias do Velho Mundo não deixaram vestígios nos domínios da fé, único caminho, daqueles tempos, através do qual poderia uma raça assinalar sua passagem pela Terra. 5 Não guardavam a história verbal de uma religião que não possuíam. 6 Mais revoltados e enrijecidos que todos os demais companheiros exilados no orbe terrestre, as suas reminiscências da vida pregressa nos Planos mais elevados, qual a que haviam experimentado no sistema da Capela,  †  traduziam-se numa revolta íntima, amargurada e dolorosa, contra as determinações de ordem divina. 7 Apenas, muito mais tarde, com a contribuição dos milênios, os celtas retornaram ao culto divino, venerando as forças da Natureza, junto dos carvalhos sagrados, e os germanos iniciaram a sua devoção ao fogo, que personificava, a seus olhos, a potência criadora dos seres e das cousas, enquanto outros povos começaram a sacrificar vítimas e objetos aos seus numerosos deuses.


 3. A grande virtude dos árias europeus.


1 A misericórdia do Cristo, porém, jamais deixou de acompanhar esse grande povo no seu atribulado desterro. Ao influxo dos seus emissários, as massas migratórias da Ásia se dividiram em grupos diversos, que penetraram na Europa, desde o Peloponeso até as vastas regiões da Rússia, onde se encontram os antepassados dos gregos, latinos, samnitas, úmbrios, gauleses, citas, iberos, romanos, saxônios, germanos, eslavos. 2 Essas tribos assimilaram todos os elementos encontrados em seus caminhos, impulsionando-lhes os passos nas sendas do progresso e do aperfeiçoamento. 3 Enquanto os semitas e hindus se perderam na cristalização do orgulho religioso, as famílias arianas da Europa, embora revoltadas e endurecidas, confraternizaram com o selvagem e nisso reside a sua maior virtude. 4 Assimilando os aborígenes, organizou as premissas de todos os surtos das civilizações futuras. 5 Nessa movimentação para o estabelecimento de novo “habitat”, organizaram as primeiras noções políticas da vida coletiva, elegendo cada tribo um chefe para a direção de sua vida em comum.  6 A agricultura, as indústrias pastoris, com elas encontraram os primeiros impulsos nas estradas incertas dos que descendiam do “primata” europeu.  7 Com as organizações econômicas, oriundas do trato direto com o solo, deixaram perceber a lembrança de suas lutas no antigo mundo que haviam deixado.  8 Bastou que inaugurassem na Terra o senso da propriedade, para que o germe da separatividade e do ciúme, da ambição e do egoísmo lhes destruísse os esforços benfazejos…

9 As rivalidades entre as tribos, na vida comum, induziram-nas aos primeiros embates fratricidas.


 4. O Mediterrâneo e o Mar do Norte.


1 Por essa época, novos fenômenos geológicos abalam a vida do globo.

2 Precisava Jesus estabelecer as linhas definitivas da grande civilização, cujos primórdios se levantavam; e dessas convulsões físicas do orbe surgem renovações que definem o Mediterrâneo e o Mar do Norte, fixando-se os limites da ação daqueles núcleos de operários da evolução coletiva. n

3 O Cristo sabia valorizar a atividade da família indo-europeia, que, se era a mais revoltada contra os desígnios do Alto, era também a única que confraternizava com o selvagem, aperfeiçoando-lhe os caracteres raciais, sem esmorecer na ação construtiva das oficinas do porvir. 4 Através dos milênios, aliviou-lhe os pesares no caminho onusto de lutas e dores tenazes. 5 Assim que, enviou-lhe emissários em todas as circunstâncias, atendendo-lhe os secretos apelos do coração, no labor educativo das tribos primitivas do continente. 6 Suavizou-lhe a revolta e a amargura, ajudando a reconstruir o templo da fé, na esteira das gerações. 7 Nos bosques da Armórica,  †  os celtas antigos levantaram os altares da crença entre as árvores sagradas da Natureza. 8 Doces revelações espirituais caem na alma desse povo místico e operoso, que, muito antes dos saxões, povoou as terras da Grã-Bretanha.

9 A reencarnação de numerosos auxiliares do Mestre, em seus labores divinos, opera uma nova fase de evolução no seio da família indo-europeia, já caracterizada por expressões raciais as mais diversas. 10 Enquanto os germanos criam novas modalidades de progresso, o Lácio se ergue na Itália Central, entre a Etrúria e a Campânia; a Grécia se povoa de mestres e cantores, e todo o Mediterrâneo oriental evolui com o uso da escrita, adquirido na convizinhança das civilizações mais avançadas.


 5. Os nórdicos e os mediterrâneos.


1 O fenômeno das trocas e os primeiros impulsos comerciais, todavia, levantam uma longa série de barreiras entre as relações desses povos.  2 De um lado, estavam os nórdicos e de outro permaneciam os mediterrâneos, em luta acérrima e constante. A rivalidade acende nessas duas facções os fogos da guerra, sob os céus tranquilos do Velho Mundo. 3 Uns e outros empunham as armas primitivas para as lutas de extermínio e destruição das hostes inimigas, e a linha divisória dos litigantes se alonga justamente no local onde hoje se traçam os limites da França e da Alemanha contemporâneas.

4 É como se explica essa intensidade de aversão racial entre as duas nações, contadas entre as mais progressistas e operosas do planeta.  5 Uma tal situação psicológica entre ambas haveria de tornar-se em fatalidade histórica, oriunda dos atritos entre o Germanismo e a Latinidade, nas épocas primitivas.  6 O que se não justifica, porém, é a perpetuação dessas animosidades no curso do tempo, e pelo que se impõe, como imperativo constante, a concentração de todos os pensamentos no objetivo da fraternidade geral.


 6. Origem do racionalismo.


1 Os arianos da Europa, como ficou esclarecido, não possuíram grandes ascendentes religiosos na sua formação primitiva, em vista do senso prático que os caracterizou nos primeiros tempos de sua organização.

2 O racionalismo de suas concepções, a tendência para as ciências positivas e o amor pela hegemonia e liberdade são, dessa maneira, elucidados dentro da análise dos seus primórdios. 3 Em matéria de religião, quase todos os seus passos foram orientados pelos povos semitas e hindus, mas, pelo cultivo da razão, puderam aperfeiçoar a Ciência até às culminâncias das conquistas modernas.

4 O mundo, se muitas vezes perdeu com as suas inquietações e com as suas lutas renovadoras, muito lhes deve pela colaboração decidida e sincera no labor do pensamento, em todas as épocas e períodos evolutivos.


 7. As advertências do Cristo.


1 A sua confraternização com os terrícolas primários, encontrados no seu caminho, constitui uma dívida sagrada da Humanidade para com os seus labores planetários.

2 O Senhor da semeadura e da seara não lhes desconhece essa grande virtude e é por isso que as exortações de toda natureza são por ele enviadas do Alto, nos tempos que correm, às nações europeias, a fim de que se preservem do extermínio e da destruição terrestre, arrancando-as do primitivismo para um elevado nível de aperfeiçoamento nos grandes trabalhos construtivos da evolução global; 3 se erraram muito, foram igualmente muito sinceras, porque a sua inquietação era por levantar um novo paraíso para si mesmas e para os homens terrestres, com cujas famílias fraternizaram-se desde o princípio. 4 Faltaram-lhes os valores espirituais de uma perfeita base religiosa, situação essa para a qual concorreram, inegavelmente, na utilização do livre-arbítrio; mas o Cristo, nas dolorosas transições deste século, há de amparar-lhes as expressões mais dignas e mais puras, espiritualmente falando, e, no momento psicológico das grandes transformações, o fruto de suas atividades fecundas há de ser aproveitado, como a semente nova, para a civilização do porvir.


Emmanuel



[1] [Vide numa entrevista de Emmanuel um estudo muito importante sobre os ciclos evolutivos do nosso planeta.]


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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