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A Comunidade dos Espíritos Puros.
1 Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.
2 Essa Comunidade de entidades angélicas e perfeitas, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
3 Uma delas, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, 4 e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.
1 Não é nosso propósito trazer à consideração dos estudiosos uma nova teoria da formação do mundo. A Ciência de todos os séculos está cheia de apóstolos e missionários. Todos eles foram inspirados no seu tempo, refletindo a claridade das Alturas, que as experiências do Infinito lhes imprimiram na memória espiritual, e exteriorizando os defeitos e concepções da época em que viveram, na feição humana de sua personalidade.
2 Na sua condição de operários do progresso universal, foram portadores de revelações gradativas, no domínio dos conhecimentos superiores da Humanidade. Inspirados de Deus nos penosos esforços da verdadeira civilização, as suas ideias e trabalhos merecem o respeito de todas as gerações da Terra, ainda que as novas expressões evolutivas do plano cultural das sociedades do mundo tenham sido obrigadas a prescrever as suas teorias e antigas fórmulas.
3 Lembrando-nos, porém, mais detidamente, de quantos souberam receber a intuição da realidade nas suas perquirições do Infinito, busquemos recordar o globo terreno nos seus primeiros dias.
1 Que força sobre-humana pôde manter o equilíbrio da nebulosa terrestre, destacada do núcleo central do sistema, organizando-lhe um conjunto de leis matemáticas, dentro das quais iam-se manifestar todos os fenômenos inteligentes e harmônicos de sua vida, nos milênios dos milênios? 2 Distando do Sol quase 149.000.000 quilômetros e deslocando-se no espaço com a velocidade de 643.000 léguas diárias, em torno do grande astro do dia, imaginemos a sua composição nos primeiros tempos de existência, como planeta.
3 Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das forças telúricas e das energias físico-químicas operam as grandiosas construções do teatro da vida, no imenso cadinho onde a temperatura eleva-se, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matéria colocada num forno, incandescente, estivesse sendo submetida aos mais diversos ensaios, por examinar-se a sua qualidade e possibilidades na edificação da nova escola dos seres. 4 As descargas elétricas, em proporções jamais vistas da Humanidade, despertam estranhas comoções no grande organismo planetário, cuja formação se processa nas oficinas do Infinito.
1 Nessa computação de valores cósmicos em que laboram os operários da espiritualidade sob a orientação misericordiosa do Cristo, delibera-se a formação do satélite terrestre.
2 O programa de trabalhos a realizar-se no mundo requeria o concurso da Lua, nos seus mais íntimos detalhes. 3 Ela seria a âncora do equilíbrio terrestre nos movimentos de translação que o globo efetuaria em torno da sede do sistema; 4 o manancial de forças ordenadoras da estabilidade planetária e, sobretudo, 5 o orbe nascente necessitaria da sua luz polarizada, cujo suave magnetismo atuaria decisivamente no drama infinito da criação e da reprodução de todas as espécies, nos variados reinos da Natureza.
1 Na grande oficina surge, então, a diferenciação da matéria ponderável, dando origem ao hidrogênio.
2 As vastidões atmosféricas são amplo repositório de energias elétricas e de vapores que trabalham as substâncias torturadas no orbe terrestre. 3 O frio dos espaços age, porém, sobre esse laboratório de energias incandescentes e a condensação dos metais verifica-se com a leve formação da crosta solidificada.
4 É o primeiro descanso das tumultuosas comoções geológicas do globo. 5 Formam-se os primitivos oceanos, onde a água tépida sofre uma pressão difícil de descrever-se. 6 A atmosfera está carregada de vapores aquosos e as grandes tempestades varrem, em todas as direções, a superfície do planeta, mas sobre a Terra o caos fora dominado, como por encanto. 7 As paisagens aclaram-se, fixando a luz solar que se projeta nesse novo teatro de evolução e vida.
8 As mãos de Jesus haviam descansado, após o longo período de confusão dos elementos físicos da organização planetária.
1 Sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias desencadeadas; com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. 2 Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e grande, na qual o seu coração teria de expandir-se em amor, claridade e justiça. 3 Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda a parte do universo galático. 4 Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. 5 Fez a pressão atmosférica suportável pelo homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milênios; 6 estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência planetária, 7 e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 quilômetros de altitude, para que elas filtrassem convenientemente os raios solares, manipulando-lhes a composição precisa à manutenção da vida organizada no orbe. 8 Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, organizando a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias.
1 A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade das energias que vitalizam o organismo do Globo. 2 Substituíram-lhe a providência com a palavra “natureza”, em todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da criação do princípio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem-fim. 3 E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz clara do Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. 4 Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso.
5 Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra.
6 Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens.
Emmanuel