1 Meus amigos, meus irmãos, Jesus nos abençoe e ilumine.
2 Congregados à luz da Clemência Divina, vivemos confortador período de luz renovadora, nesta casa de fé vibrante e pura, consagrada ao espiritualismo com o Divino Mestre.
3 Refiro-me, em nome de vários companheiros, às novas edificações que os aprendizes do Evangelho em Leopoldina vão concretizando com a inteligência associada ao coração.
4 As sementes do cristianismo, jamais perecem. Muita vez, atravessam ciclos seculares no caminho dos povos, parecendo estagnadas e mortas.
Demoram, em muitas circunstâncias, aparentemente raquíticas e anônimas, na senda evolutiva das coletividades, tanto quanto, por vezes, na esfera dos indivíduos. Surge, porém, o instante sublime do renascimento espiritual e a planta celeste germina e cresce na Terra, espalhando flores de esperança e produzindo frutos de paz e amor santificantes.
Este — o nosso caso.
5 Quem viveu o entusiasmo dos primeiros dias continua convosco no trabalho reconstrutivo em bases mais sólidas, pugnando pela materialização mais extensa de nossos ideais.
6 Em outro tempo, seduzia-nos o fenômeno que imperava em nossos círculos de crença e discussão filosófica. Pretendíamos talvez atingir objetivos superiores, mergulhados nos ângulos inferiores do serviço.
7 Nossas investigações visitavam o campo externo e, à frente do idealismo regenerador que o Espiritismo nos impunha, gastávamos o tempo nas ilações acadêmicas e nas preocupações demagógicas de ordem doutrinária e a hora passou, surpreendendo-nos distraídos.
8 O Plano Espiritual aguardou-nos com a verdade imutável. 9 A vida real não se modificava para favorecer-nos com a graça a cuja obtenção não fizéramos jus.
10 Entendemos, então, que a fé abraçada não se constituirá de ornamentos verbalísticos ou de meros títulos pessoais, garantindo-nos ingresso nas assembleias da Espiritualidade elevada.
11 A Doutrina — reconhecemos — é acima de tudo campo de trabalho e escola dos sentimentos.
12 Multiplicamos esforços e dilatamos ações no sentido de acordar os amigos que permaneciam a distância.
13 Como aconteceu ao Rico da Parábola, ( † ) nós que fôramos abastados senhores do intelectualismo, suplicamos, em vão, a oportunidade de voltar imediatamente à nossa família no ideal, de modo a despertar-vos.
14 Outros companheiros de experiência humana classificados entre nós em dias recuados, à conta de mendigos da inteligência, banqueteavam-se à plena luz, mas, embora nosso desejo de voltar precipitadamente à instituição doméstica, a fim de anunciar-vos diferentes novas, foi necessário construir recursos e merecer a ocasião de falar-vos mais diretamente.
15 De alguns poucos anos a esta parte, nossa meta foi abraçada.
O centro abençoado de nossos estudos retornou ao caminho de verdadeiro amor ao próximo com o Mestre dos Mestres.
Despertos e compreensivos, nossos companheiros abriram a consciência ao influxo da luz divina.
16 Reabilitamos o nosso roteiro de espiritualidade e aqui estamos, meus irmãos, para reafirmar-vos que Espiritismo sem Evangelho sentido e vivido, no santuário íntimo de cada um, pode apresentar admirável movimento de ideias, todavia, sem alicerces de renovação do espírito para as realidades da vida.
17 Mais que nunca, é indispensável atender à nossa fé, através de prismas diferentes.
Cessem as indagações despropositadas, sejam atenuados os conflitos da interpretação, diminuam-se as manifestações puramente intelectualistas sem obras sérias da crença consoladora em nós mesmos e incentive-se, acima de tudo, a iluminação de cada um de nós ao sol imperecível da Revelação Divina.
18 Com isto, não pretendemos extinguir o manancial da inteligência.
Sabedoria e amor são as duas asas da alma para o voo supremo às Esferas Supremas da Divindade.
Decretar menosprezo à ciência fora imperdoável loucura.
19 Entretanto, urge reconhecer que o nosso campo é tão profundamente rico de dádivas espirituais que o perigo da fascinação e da cegueira assedia a todos aqueles que empreendem a jornada para a Humanidade Redimida.
Convenhamos, assim, que temos agora nossos passos acertados.
20 Caminhai, meus amigos, sob o estandarte de fraternidade, convictos de que Jesus lança sobre nós a sua bênção edificante.
Não vos descentralizeis, em face da nossa necessidade de concentração em Cristo Jesus.
21 Provavelmente, na atualidade, é impossível conhecerdes tudo…
Sois, como acontece a nós, caminheiros da Vida Eterna, trabalhadores do Verbo, Infinito em Amor e Sabedoria, no campo finito de nossas limitações.
22 Dia virá, porém, meus irmãos, em que penetrareis o passado e os imperativos que nos congregam agora, e juntos, marcharemos para o Senhor, entoando novos cânticos de esperança.
Até lá, meus amigos, prossigamos unidos na fé e na solidariedade, amando-nos uns aos outros e estendendo nossa dedicação à extensa família humana que o Pai nos conferiu.
23 Não vos firam espinhos e pedras da estrada.
Mais iluminados, sereis mais fortes que os predecessores na senda.
24 Um dia, lançamos a boa semente e esquecendo as linhas fundamentais da obra eterna, não reparamos que o cipoal da ilusão nos asfixiava o trabalho…
25 Vós, no entanto, sustentados pela luz do Verbo Celestial, recomeçastes a construção do templo de nossa fé e, amparados uns aos outros, consagrá-lo-emos à glória do Eterno no recanto planetário em que tivemos o júbilo de acordar para Deus.
26 Que Ele nos ampare a todos, auxiliando-nos a servir em seu nome até a vitória final.
Luiz Antônio Corrêa de Lacerda
(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, dirigida a um grupo de amigos, no Centro Espírita “Amor ao Próximo”, em sessão pública de 1.º de julho de 1947, em Leopoldina, Minas.)