1 Recordemos a paciência do Cristo para exercer no próprio caminho a compreensão e a serenidade.
2 Retornando, depois do túmulo, aos companheiros assustadiços, não perde tempo com qualquer observação aflitiva ou desnecessária.
3 Não rememora os sucessos amargos que lhe precederam a flagelação no madeiro.
4 Não se reporta a leviandade do discípulo invigilante que O entregara à prisão, osculando-Lhe a face.
5 Não comenta as vacilações de Pedro na extrema hora.
6 Não solicita os nomes de quantos acordaram em Judas a febre da cobiça e a fome de poder.
7 Não faz qualquer alusão aos beneficiários sem memória que Lhe desconheceram o apostolado, ante a hora da cruz.
8 Não recorda os impropérios que Lhe foram atirados em rosto.
9 Não se refere aos caluniadores que Lhe escarneceram o amor e o sacrifício.
10 Não reclama reconsiderações da justiça.
11 Não busca identificar quem Lhe impusera às mãos uma cana à guisa de cetro.
12 Não se lembra da turba que Lhe ofertara vinagre à boca sedenta e pancadas à fronte que os espinhos dilaceravam.
13 Ressurgindo da sombra, afirma apenas, valoroso e sem mágoa:
— “Eis que estarei convosco até o fim dos séculos…” ( † )
E prosseguiu trabalhando…
14 Esse foi o gesto do Cristo de Deus que transitou na Terra, sem dívidas e sem máculas.
15 Relembremos, o próprio dever, à frente das pedradas que nos firam a rota, a fim de que a paciência nos ensine a esperar a passagem das horas, porquanto cada dia nos traz, a cada um, diferentes lições.
Emmanuel
(Reformador, outubro de 1958, página 228. Com diferenças.)