O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano XII — Outubro de 1869.

(Idioma francês)

DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS.


A caridade.

(Sociedade Espírita de Paris,  †  9 de julho de 1869. – Médium: Sr. Leymarie.)

Caridade! Essa palavra existe desde o começo da Humanidade. A partir do dia em que o homem estendeu a mão a outro homem, ele praticou um ato de caridade, e desde esse tempo desconhecido quantos fatos, quantos exemplos vivazes deste pensamento profundo da consciência humana! Exemplos de caridade têm sido relatados pelos historiadores e moralistas em obras presentes na memória de todos.

Mas o que eu realmente queria que amásseis, senhores, é essa caridade do coração verdadeiramente espírita, não interessando o processo, a maneira de fazer e as distinções sutis.

Como é doce dar alguma coisa! Jamais a mão direita deve ver o que faz a mão esquerda!

Caros espíritas, irmãos amados, aliviai os vossos semelhantes sem prevenção; dai aos que sofrem, aos que esperam; a essas mães, a essas crianças abandonadas, a todos os deserdados e fareis uma obra verdadeira.

Mas tudo isso não passa da caridade banal, que todos os homens praticam, seja qual for a crença a que pertençam. O espírita deve ver mais longe; pelo estudo e pela intenção o espírita deve sondar essas dores ocultas, vergonhosas, dolorosas que corroem tantas naturezas belas e excelentes, tantos mártires do dever, da consciência, tantos degredados da provação humana, condenados, por suas faltas anteriores, a se purificarem de toda uma existência de infrações ignoradas. Ah! para estes tende coração, atenções delicadas, palavras consoladoras; partilhai com esses corajosos da vida que lutam secretamente contra a força irritada, mas justa, que os fere sem cessar.

Vede esses párias de fronte inspirada; uns são verdadeiros trapos, feridos e arruinados qual navio em perigo; outros veem fugir todas as afeições: mulher, filhos bem-amados, casa laboriosamente edificada, tudo desaparece! Aquele outro é a doença que o fere ou atinge os seus; tortura incessante, inferno da vida, onde a esperança parece fugir diante das dores que voltam sem parar.

Sim, sondai habilmente as chagas de todos esses deserdados, ide a eles; consolai, dai o vosso coração, vossa bolsa, vossa mão, vosso apoio, pois o mérito da caridade espírita é saber procurar delicadamente; eis aí a obra escolhida e o sentido íntimo da epígrafe querida do mestre: “Fora da caridade não há salvação.” ( † )

Quatro palavras devem ser a base da língua espírita: perdão, amor, solidariedade, caridade.


Bernard.


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