O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano XI — Fevereiro de 1868.

(Idioma francês)

Instruções dos Espíritos.

Os messias do Espiritismo: São José. (1) — Fénelon. (2) — Baluze. (3) — Lacordaire. (4) Os Espíritos marcados: Anônimo. (5) — São Luís. (6) — Lamennais. (7) Futuro do Espiritismo: Erasto. (8) — Montaigne. (9) As estrelas cairão do Céu: Dupuch, bispo de Argel. (10)Os mortos sairão dos túmulos: João Evangelista. (11) O Juízo Final: Erasto. (12) — Clélie Duplantier.  (13)


OS MORTOS SAIRÃO DOS TÚMULOS.

( † )

11.


Povos, escutai!… Uma voz se faz ouvir de um extremo a outro dos mundos: é a do precursor anunciando a vinda do Espírito de Verdade, que vem endireitar os caminhos tortuosos por onde o espírito humano se desgarrava em falsos sofismas. É a trombeta do anjo vindo despertar os mortos para que saiam de seus túmulos.

Muitas vezes tendes lido a revelação de João e vos perguntastes: Mas, que quer ele dizer? Como se cumprirão essas coisas surpreendentes? E, confusa, vossa razão mergulhava num tenebroso labirinto, de onde não podia sair, porque queríeis tomar ao pé da letra o que estava escrito em sentido figurado.

Agora que chegou o tempo em que uma parte dessas predições vai cumprir-se, pouco a pouco aprendereis a ler nesse livro onde o discípulo bem-amado consignou as coisas que lhe tinha sido dado ver. Entretanto, as más traduções e as falsas interpretações ainda vos aborrecerão um pouco, mas com um trabalho perseverante chegareis a compreender o que, até o presente, tinha sido para vós uma carta fechada.

Apenas compreendei que, se Deus permite que os selos sejam levantados mais cedo para alguns, não é para que esse conhecimento fique estéril em suas mãos, mas para que, pioneiros infatigáveis, desbravem as terras incultas; é para que fecundem com o doce orvalho da caridade os corações ressequidos pelo orgulho e impedidos pelos embaraços mundanos, onde a boa semente da palavra de vida não pôde ainda germinar.

Ah! quantos encaram a vida humana como devendo ser uma festa perpétua, em que as distrações e os prazeres se sucedem sem interrupção! Inventam mil nadas para encantar os seus lazeres; cultivam seu espírito, porque é uma das facetas brilhantes que servem para fazer ressaltar sua personalidade; são semelhantes a essas bolhas efêmeras, refletindo as cores do prisma e se balançando no espaço: atraem os olhares por algum tempo, depois as procurais… e elas desapareceram sem deixar traços. Do mesmo modo, essas almas mundanas brilharam com uma luz que não lhes era própria, durante sua curta passagem terrena, e dela nada restou de útil, nem para os seus semelhantes, nem para elas mesmas.

Vós que conheceis o valor do tempo, vós a quem as leis da eterna sabedoria são reveladas pouco a pouco, sede nas mãos do Todo-Poderoso, instrumentos dóceis servindo para levar a luz e a fecundidade a essas almas, das quais é dito: “Têm olhos e não veem, ouvidos e não escutam”, ( † ) porque se tendo desviado do facho da verdade e escutado a voz das paixões, sua luz não passa de trevas, em meio das quais o Espírito não pode reconhecer a estrada que o faz gravitar para Deus.

O espiritismo é essa voz poderosa que já repercute até os confins da Terra; todos a ouvirão. Felizes os que, não tapando voluntariamente os ouvidos, sairão de seu egoísmo, como o fariam os mortos de seus sepulcros, e daí por diante realizarão os atos da vida verdadeira, a do Espírito se desembaraçando dos entraves da matéria, como fez Lázaro de seu sudário, à voz do Salvador.

O Espiritismo marca a hora solene do despertar das inteligências que usaram o seu livre-arbítrio para se demorarem nos atalhos lamacentos, cujos miasmas deletérios infectaram a alma com um veneno lento, que lhe dá as aparências da morte. O Pai celeste tem piedade desses filhos pródigos, caídos tão baixo que nem mesmo pensam na morada paterna e para eles que permite essas manifestações brilhantes, destinadas a convencer que, além deste mundo de formas perecíveis, a alma conserva a lembrança, o poder e a imortalidade.

Possam eles, esses pobres escravos da matéria, sacudir o torpor que os impediu de ver e compreender até hoje; possam estudar com sinceridade, a fim de que a luz divina, penetrando sua alma, dela expulse a dúvida e a incredulidade.


João Evangelista. n

Paris,  †  1866.      



[1] [v. São João Evangelista.]


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