O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano IX — Setembro de 1866.

(Idioma francês)

Extrato do Progrès Colonial da Ilha Maurício.

COMUNICAÇÃO ESPÍRITA.

Não é somente em nossos países que os jornais, não diremos ainda que simpatizam, mas se humanizam com o Espiritismo, ao qual começam a conceder o direito de cidadania. Lê-se no Progrès colonial, jornal de Port-Louis,  †  Ilha Maurício,  †  em data de 15 de junho de 1866:

“Todos os dias recebemos duas ou três destas comunicações espíritas. Mas se nos abstivemos de as reproduzir até agora é porque ainda não estamos em condições de consagrar um lugar a essa coisa extraordinária chamada Espiritismo. Que os nossos leitores, curiosos por natureza, tenham um pouco de paciência: não esperarão muito. Se publicamos este pequeno escrito assinado Lázaro, é que se trata desse pobre Georges, morto e enterrado tão desgraçadamente.


“Senhor,

“Li hoje uma correspondência inserida em vosso jornal assinada “Uma testemunha ocular”, relatando a maneira pela qual enterraram o cadáver do infortunado G. Lemeure.

“Desde muito tempo, senhor, eu sabia perfeitamente que se a miséria não é um vício, pelo menos é uma das maiores calamidades que há no mundo; mas o que eu não queria admitir é que os homens adorassem o bezerro de ouro a tal ponto que não mais respeitem tudo quanto há de mais solene, de maior e mais sagrado para nós: a morte!…

“Assim, pobre Georges, dotado de caráter ameno, honesto e modesto, condenado a viver na maior penúria, suportando as provas deste mundo com coragem e mesmo com alegria, sempre pronto a prestar serviços ao próximo, foste morrer assim isolado, longe dos que te amavam, que talvez te lamentassem; e ainda é necessário, para humilhar tua sombra, que homens, que irmãos te cavem um buraco na terra, só, só com o nada! como se tua pobreza te tornasse indigno de partilhar, como os teus semelhantes, um terreno sagrado. Além disto, não te fizeram sequer a caridade de um caixão, de quatro tábuas! Ainda és muito feliz, pensa esta boa humanidade, por repousares na terra úmida e fria, esquecido de todos! Aliás, que lhes importa que teu corpo lá apodreça, sem que um amigo venha aí derramar uma lágrima, lançar uma flor, trazer uma lembrança?

“Paro aqui, pois ainda estou indignado por não terem cumprido nem mesmo as formalidades estabelecidas em semelhante ocasião para com os infelizes. Em todos os países civilizados, dão-se aos parentes ou amigos de uma pessoa morta, encontrada pelas autoridades, vinte e quatro horas para que venham reconhecê-la e a reclamem. Se ao fim desse prazo ninguém veio, então a depositam em terreno santo, observando sempre as atenções devidas à morte. Mas aqui abstêm-se de semelhantes formalidades e se contentam, se não tendes com que pagar as despesas do caixão, em vos jogar num canto qualquer, como um animal, e vos cobrir com dois ou três punhados de pó.

“Repito, senhor, a miséria é um grande flagelo.”


Lázaro.


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