O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano IX — Junho de 1866.

(Idioma francês)

POESIAS ESPÍRITAS.


A lagarta e a borboleta.

(Fábula do Espírito batedor de Carcassonne.)  † 

Paciente, a trabalhar num ramo de jasmim,

Tremia uma lagarta, ao ver chegar-lhe o fim,

   Dizia: “Eu estou bem adoentada,

   Já nem digiro a folha de salada;

   Que pena tanta couve e apetite não tendo;

   E a pouco e pouco eu morrendo;

Como é triste morrer! Bem melhor não nascer.

   Convém sem queixas me submeter;

Outras depois de mim sulcarão terra preta.

— Mas tu não morrerás, diz-lhe uma borboleta;

Pois se me lembro bem, na mesma plantação

Contigo já vivi, sou tua irmã então;

Prepara-te o futuro um destino feliz;

Talvez um mesmo amor unir-nos Deus o quis.

Espera!… pois do sono é rápida a passagem.

Crisálida serás como eu em branda aragem;

Como eu poderás, com tão brilhantes cores,

   Sorver o perfume das flores.”

A velha respondeu: “Impostura, impostura!

Nada fará mudar, eu sei, leis da Natura;

O espinheiro jamais poderá ser jasmim.

Em meus pobres anéis, juntas frágeis assim,

Que artista poderá neles asas fixar?

   Louca, segue o teu caminhar.

— Lagarta, tens razão; limitado é o possível,

Exclama um caracol, em seus cornos, prazível.”

Zomba um sapo. Um vespão, cujo dardo se avulta,

   A bela borboleta insulta.


Não; nem sempre é verdade o que ostenta luz farta

   Sois cegos por obstinação,

Negando aos mortos alma, ó doutos sem razão,

   Assemelhai-vos à lagarta.


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