O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VIII — Abril de 1865.

(Idioma francês)

POESIAS ESPÍRITAS.


O Espiritismo.


O Espiritismo é o desenvolvimento do Evangelho, a extensão e a expansão da vida.

Verdade, é pois! sua sombra querida

Vem sustentar, encorajar meus cantos,

E penetrar de prazer sem medida

A feliz vaga de meus sonhos tantos.


Como uma luz refletida em minha alma,

De seu Espírito raios risonhos

Enchem meus dias de fulgente calma,

Enchem-me as noites de encantados sonhos.


Então dos céus eu invoco as idades,

Seu sopro puro traz-me uma lembrança,

E do presente as nevuosidades

Dissipa ante um futuro de esperança.


“Criança – ele diz – a terra abandonando,

“Antigos dias de novo acharás;

“Ao lado teu, quem foi teu pai te amando,

“Nos corações amores eternais.”


Marie-Caroline Quillet.

Membro da Sociedade dos Escritores.  † 


A Sra. Quillet, autora da Eglantine solitaire — Google Books, acaba de publicar um encantador livrinho com o título de Une heure de poésien que será apreciado por todos os amantes dos bons versos. Sendo a obra estranha à Doutrina Espírita, posto não lhe sendo absolutamente contrária, sua apreciação escapa da especialidade de nossa Revista. Limitar-nos-emos a dizer que a autora prova uma coisa: pode-se ter espírito e crer nos Espíritos, contrariamente à opinião de alguns de seus confrades em literatura.

A Sra. Quillet nos escreve o que segue, a respeito de uma das comunicações da Sra. Foulon, publicada no número de março.

“A Sra. Foulon imagina que os homens não compreenderiam a poesia do Espiritismo. Deve ter razão do seu ponto de vista luminoso. Sem dúvida os poetas sentem suas asas pesadas pelas trevas de nossa atmosfera. Mas o instinto, a dupla vista de que são dotados, vêm auxiliar-lhes a inteligência. Eu creio que cada um é chamado, conforme suas aptidões, ao grande trabalho da renovação terrestre: os poetas, os filósofos, por inspiração dos Espíritos; os mártires, os trabalhadores, pelo gênio dos filósofos e pelo canto dos poetas. É verdade que esses cantos não passam de um suspiro; mas no exílio dos suspiros formam a base e o complemento do concerto.”

Em apoio dessas palavras ela junta as seguintes estrofes:


Aos poetas.


Despertai vós, apóstolos e poetas;

Às predições do tempo daí ouvido.

Está cheio o ar do sopro dos profetas,

E o hosana é então nos ventos retinido.


Há no Sinai nuvens sem claridades;

O Etna a rugir ao horror dos fogaréus;

Porém o Eterno afasta as tempestades,

E sobre a terra enche de luz os céus.


Pois da parábola a verdade luz;

Seu brilho puro nos tocando a fronte,

De um novo dia o seu clarão traduz,

E cujos raios para a fé são fonte.


A fé, o amor, o vero sol das almas

Empresta aos mais obscuros a claridade;

E de seu disco alimenta as palmas,

Para o trabalho e para a caridade.


Vinde vós todos, mártires, aos cantos;

Abri a voz a estranhos lutadores.

Aos ventos todos, nos altos recantos,

Plantai do Cristo a humilde cruz das dores.


A Sra. Quillet está certa quando diz que cada um é chamado a concorrer para a obra da renovação terrestre. Ninguém contesta a influência da poesia, mas ela se engana quanto ao pensamento da Sra. Foulon, quando esta diz: “O entusiasmo invadiu-me a alma e espero que não seja muito tarde para vos entreter com o Espiritismo sério, e não com o Espiritismo poético, que não é bom para os homens. Estes não o compreenderiam.” O Espírito não entende por Espiritismo poético as ideias espíritas traduzidas pela poesia, mas o Espiritismo ideal, produto de uma imaginação entusiasta; e por Espiritismo sério o Espiritismo científico, apoiado nos fatos e na lógica, que melhor convém à natureza positiva dos homens de nossa época, o que constitui objeto de nossos estudos.



[1] Um vol. in-18. Preço: 3 fr. Livraria Delahais, em Pont-l’Éveque.  †  [Une heure de poésie, par Mme Marie-Caroline Quillet,… — Google Books.]


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