Este livro tende para o mesmo objetivo que o precedente: a demonstração da alma, da vida futura, da pluralidade das existências, mas sob uma forma mais didática, mais científica, embora sempre clara e inteligível para todo o mundo. A refutação do materialismo, particularmente das doutrinas de Buchner e de Moleschott, aí ocupa largo espaço, e não é a parte menos interessante nem a menos instrutiva, pela irresistível lógica dos argumentos. A doutrina desses dois escritores de incontestável talento, e que pretendem explicar todos os fenômenos morais só pelas forças da matéria, teve larga repercussão na Alemanha e, em consequência, na França; naturalmente, foi aclamada com entusiasmo pelos materialistas, felizes de aí encontrarem sanção às suas ideias; recrutou partidários sobretudo entre a juventude das escolas, que nelas se apoiam para se libertarem, em nome da aparente legalidade de uma filosofia, do freio imposto pela crença em Deus e na imortalidade.
O autor se empenha em reduzir ao seu justo valor os sofismas sobre os quais se apoia essa filosofia; demonstra as desastrosas consequências que ela teria para a sociedade, se algum dia viesse a prevalecer, e sua incompatibilidade com toda doutrina moral. Embora ela quase não seja conhecida por certa gente, uma refutação de certo modo popular é muito útil, a fim de premunir os que se pudessem deixar seduzir pelos argumentos especiosos que ela invoca. Estamos persuadidos de que, entre as pessoas que a preconizam, algumas recuariam, se tivessem compreendido todo o seu alcance.
Mesmo que fosse apenas deste ponto de vista, a obra do Sr. Dyonis mereceria sérios estímulos, porque é um campeão enérgico para a causa do espiritualismo, que é também a do Espiritismo, ao qual se vê que o autor não é estranho. Mas a isso não se limita a tarefa que ele se impôs; ele encara a questão da alma de maneira larga e completa; é um dos que admitem o seu progresso indefinido, através da animalidade, da Humanidade e além da Humanidade. Talvez, sob certos aspectos, seu livro encerre algumas proposições um tanto arriscadas, mas que é bom trazer à baila, a fim de que sejam amadurecidas pela discussão.
Lamentamos que a falta de espaço não nos permita justificar a nossa apreciação por algumas citações; limitar-nos-emos à seguinte passagem, e a dizer que os que lerem este livro não perderão o seu tempo.
“Se examinarmos os seres que se sucederam nos períodos geológicos, notamos que há progresso nos indivíduos dotados sucessivamente de vida, e que o último a chegar, o homem, é uma prova irrecusável desse desenvolvimento moral, pelo dom da inteligência transmissível que o foi primeiro a receber, e o único de todos os animais.
“Esta perfectibilidade da alma, oposta à imperfectibilidade da matéria, nos leva a pensar que a alma humana não é a primeira expressão da alma, mas apenas a sua última expressão até aqui. Em outros termos, que a alma progrediu desde a primeira manifestação da vida, passando alternadamente pelas plantas, os animálculos, os animais e o homem, para se elevar ainda, por meio de criações de uma ordem superior, que os nossos sentidos imperfeitos não nos permitem compreender, mas que a lógica dos fatos nos leva a admitir. A lei do progresso, que seguimos nos desenvolvimentos físicos dos animais sucessivos, existiria, pois, igualmente e principalmente, em seu desenvolvimento moral.”
[1]
1 vol. in-12, 3 fr. 50. [L’âme
: son existence, ses manifestations - Google books.]