“Escutai, Valentin. Jamais sentistes por alguém uma dessas simpatias irresistíveis, que fazem que, em vendo uma pessoa pela primeira vez, julgais conhecê-la há muito tempo, e vos perguntais onde e quando a vistes, embora não vos podendo recordar nem do lugar, nem do tempo, chegais a crer que foi num mundo anterior ao nosso, e que essa simpatia não passa do despertar de uma lembrança?” (Monte-Cristo, 3ª parte, capítulo XVIII, O recinto da luzerna.)
“Jamais ousastes vos elevar, num voo, às Esferas superiores que Deus povoou de seres invisíveis e excepcionais? — Admitis, senhores, que existam esferas superiores e que seres invisíveis se misturem conosco? — E por que não? Acaso vedes o ar que respirais, e sem o qual não poderíeis viver? — Então nós não vemos estes seres de que falais? — Sim; vós os vedes quando Deus permite que se materializem…” (Monte-Cristo, 3ª parte, capítulo IX, Ideologia.)
“E eu, senhor (Villefort), eu vos digo que não é assim como pensais. Esta noite eu dormi um sono horrível, porque de certo modo me via dormir, como se minha alma já estivesse planando acima de meu corpo; meus olhos, que me esforçava por abrir, se fechavam mau grado meu; e, contudo… com os olhos fechados, eu vi, no mesmo lugar onde estais, entrar sem ruído uma forma branca.” (Monte-Cristo, 4ª parte, capítulo XIII, senhora Mairan.)
“Uma hora antes de expirar, ele me disse: Meu pai, a fé de nenhum homem pode ser mais viva que a minha, porque vi e ouvi falar uma alma separada de seu corpo.” (François Picaut, continuação do Monte-Cristo.)
Nestes pensamentos não há senão uma crítica muito pequena a fazer: é a qualificação de excepcionais dada aos seres invisíveis que nos cercam. Tais seres nada têm de excepcional, já que são as almas dos homens, e que todos os homens, sem exceção, devem passar por esse estado. Afora isto, não se dirá que estas ideias são tiradas textualmente da doutrina?
[1] [Le Monte-Cristo, Volumes 1-2 Par Alexandre Dumas - Google Books.]