No jornal l’Exposition populaire illustrée, número 24, encontramos num artigo intitulado: Correspondência sobre os taumaturgos, uma interessante notícia sobre o cura Gassner, quase tão conhecido em seu tempo quanto o príncipe de Hohenlohe, por seu poder curador.
“Gassner (Jean Joseph) † nasceu em 20 de agosto de 1727, em Bratz, perto de Bludens † (Suábia); † fez os primeiros estudos em Innsbruck † e Praga, † recebeu as ordens sacerdotais em 1758, foi nomeado cura de Kloesterle, † na região dos Grisons. †
“Depois de quinze anos de vida retirada, revelou-se ao mundo como dotado de um poder excepcional, o de curar todas as doenças pela simples aposição das mãos, sem empregar nenhum remédio e sem exigir qualquer retribuição. Os doentes afluíam logo de toda parte, e em tão grande número que, para se pôr mais em condições de os socorrer, Gassner solicitou e obteve permissão para se ausentar do curato, e foi sucessivamente a Wolfegg, † a Weingarten, † a Ravensperg, † a Detland, a Kirchberg, † a Morspurg † e a Constança. † Os infelizes lhe faziam cortejo; o corpo médico levantou-se contra ele. Uns proclamavam curas maravilhosas, outros o contestavam.
“O bispo de Constança o constrangeu a um inquérito, feito pelo diretor do seminário. Gassner declarou jamais ter tido o pensamento de fazer milagres e ter-se limitado a aplicar o poder que a ordenação confere a todos os padres de exorcizar, em nome de Jesus-Cristo, os demônios, que são uma das causas mais frequentes de nossas doenças. Declarou dividir todas as moléstias em doenças naturais ou lesões, em doenças de obsessões e em doenças complicadas de obsessões. Dizia que não tinha poder sobre as primeiras e fracassava nas da terceira categoria, quando a doença natural era superior à doença de obsessão.
“O bispo não se convenceu e ordenou a Gassner que voltasse ao seu curato, mas pouco depois o autorizou a continuar seus exorcismos. O cura apressou-se em aproveitar a autorização e surpreendeu os habitantes de Elwangen, † de Sulzbach † e de Ratisbona, † pela imensa multidão que sua fama atraía da Suíça, da Alemanha e da França. O duque de Wurtemberg † declarou-se abertamente seu admirador e protetor; seus sucessos lhe atraíram poderosos adversários. O célebre Haen † e o teatino Sterzinger n o atacaram com perseverança e paixão; vários bispos prestaram seu apoio ao fogoso teatino e proibiram que Gassner exorcizasse em suas dioceses. Enfim, um decreto de Joseph II † ordenava a Gassner deixar Ratisbona; mas, fortalecido pela proteção do príncipe-bispo dessa cidade, que lhe havia conferido o título de conselheiro eclesiástico, com a função de capelão da corte, perseverou. Tal resistência prolongou-se até 1777, época na qual Gassner foi nomeado para o curato de Bondorf, † para onde se retirou e morreu em 4 de abril de 1779, com 52 anos de idade.”
Observação.
– O Espiritismo protesta contra a qualificação de taumaturgo,
dada aos curadores, por não admitir que algo se faça com exclusão das
leis naturais. Os fenômenos que pertencem à ordem dos fatos espirituais
não são mais miraculosos que os fatos materiais, uma vez que o elemento
espiritual é uma das forças da Natureza, como o elemento material também
o é. Assim, o cura Gassner não fazia mais milagres do que o
príncipe de Hohenlohe e o zuavo
Jacob, e pode-se ver singulares analogias entre o que se passava
então a seu respeito e o que hoje se passa. [O artigo seguinte: Pressentimentos
e prognósticos, fala sobre o padre Gassner.]
[1] [Don Ferdinand Sterzinger, autor de: As aparições fantasmagóricas, uma fantasia ou fraude — Die Gespenstererscheinungen eine Phantasie oder Betrug - Google Books.]