O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Revista espírita — Ano VIII — Maio de 1865.

(Idioma francês)

DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS.


Progresso intelectual.

(Sociedade de Paris,  †  31 de março de 1865. – Médium: Sr. Desliens)

(Sumário)


Nada se perde neste mundo, não só na matéria, onde tudo se renova incessantemente, aperfeiçoando-se segundo leis imutáveis aplicadas a todas as coisas pelo Criador, como, também, no domínio da inteligência. A Humanidade é semelhante a um homem que vivesse eternamente e adquirisse continuamente novos conhecimentos.

Isto não é uma imagem, mas uma realidade, porque o Espírito é imortal; somente o corpo, envoltório ou vestimenta do Espírito, cai quando gasto e é substituído por outro. A própria matéria sofre modificações. À medida que o Espírito se depura, adquire novas riquezas e merece, se assim me posso exprimir, uma roupagem mais luxuosa, mais agradável, mais cômoda, para empregar vossa linguagem terrena.

A matéria se sublima e se torna cada vez mais leve, sem jamais desaparecer completamente, pelo menos nas regiões médias; quer como corpo, quer como perispírito, ela acompanha sempre a inteligência e lhe permite, por este ponto de contato, comunicar-se com seus inferiores, seus iguais e seus superiores, para instruir, meditar e aprender.

Dissemos que nada se perde em a Natureza. Acrescentamos: nada é inútil. Tudo; das criaturas mais perigosas até os venenos mais sutis, têm a sua razão de ser. Quantas coisas haviam sido julgadas inúteis ou prejudiciais e cujas vantagens foram reconhecidas mais tarde! Outro tanto se dá com as que não compreendeis. Sem tratar a fundo a questão, apenas direi que as coisas nocivas vos obrigam a atenção e a vigilância que exercitam a inteligência, ao passo que se o homem nada tivesse a temer, abandonar-se-ia à preguiça, em prejuízo de seu desenvolvimento. Se a dor ensina a gemer, gemer é um ato de inteligência.

Deus, sem dúvida, como objetam alguns, poderia vos ter poupado das provações e dificuldades, que vos parecem supérfluas; mas se os obstáculos vos são opostos, é para despertar em vós os recursos adormecidos; é para impulsionar os tesouros da inteligência, que ficariam enterrados no vosso cérebro, se uma necessidade, um perigo a evitar não vos viesse forçar a velar por vossa conservação.

O instinto nasce; a inteligência o segue, as ideias se encadeiam e está inventado o raciocínio. Se raciocino, julgo, bem ou mal, é verdade, mas é raciocinando errado que se aprende a reconhecer a verdade; quando se é enganado várias vezes, acaba-se acertando; e esta verdade, esta inteligência, obtidas por tanto trabalho, adquirem um preço infinito e vos faz considerar a sua posse como um bem inestimável. Temeis ver se perderem descobertas que fizestes; que fazeis, então? Instruís vossos filhos, vossos amigos; desenvolveis sua inteligência, a fim de nela semear e fazer frutificar o que adquiristes a preço de esforços intelectuais. É assim que tudo se encadeia, que o progresso é uma lei natural e que os conhecimentos humanos, acrescidos paulatinamente, se transmitem de geração em geração. Que, depois disto, vos venham dizer que tudo é matéria! Em sua maioria, os espiritualistas não repelem a espiritualidade senão porque, sem isto, precisariam mudar o gênero de vida, atacar os seus erros, renunciar aos seus hábitos. Seria muito custoso, razão por que acham mais cômodo tudo negar.


Pascal. n



[1] [v. Pascal.]


Abrir