O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Revista espírita — Ano VIII — Agosto de 1865.

(Idioma francês)

DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS.


A fé.

(Grupo Espírita de Douai,  †  7 de junho de 1865.)

A fé paira sobre a Terra, buscando um refúgio onde se abrigar e um coração para esclarecer! Aonde irá?… A princípio entrará na alma do homem primitivo e impor-se-á; colocará um véu momentâneo sobre a razão que começa a desenvolver-se e cambaleia nas trevas do Espírito. Conduzi-lo-á através das idades de simplicidade e se fará senhora pelas revelações. Mas, não estando ainda o raciocínio bastante maduro para discernir o que é justo do que é falso, para julgar o que vem de Deus, ela arrastará o homem fora do reto caminho, tomando-o pela mão e pondo-lhe uma venda nos olhos. Muitos desvios: tal deve ser a divisa da fé cega que, entretanto, durante muito tempo teve a sua utilidade e a sua razão de ser.

Esta virtude desaparece quando a alma, pressentindo que pode ver pelos próprios olhos, a afasta e não mais quer marchar senão com a razão. Esta a ajuda a se desfazer das crenças falsas, que havia adotado sem exame. Nisto ela é boa; mas o homem, encontrando em seu caminho muitos mistérios e verdades obscuras, quer desvendá-los e se extravia. Seu julgamento não pode acompanhá-la; quer ir muito depressa, mas em tudo a progressão deve ser insensível. Assim, não tem mais a fé que repeliu; não tem mais a razão que quis ultrapassar. Então faz como a borboleta temerária, queimando as asas na luz e se perdendo em desvios impossíveis. Daí saiu a má filosofia que, buscando muito, fez tudo desmoronar e nada substituiu.

Estava aí o momento da transformação; o homem não era mais o crente cego e ainda não era o crente raciocinando a crença: era a crise universal tão bem representada pelo estado da crisálida.

Graças à procura durante a noite, a claridade jorra, e muitas almas transviadas, encontrando apenas a luz obscurecida por tantos desvios inúteis e retomando como guias seus condutores eternos – a fé e a razão – fazem-nos marchar à sua frente, a fim de que, reunidos, seus dois clarões os impeçam de se perderem uma segunda vez. Elas fazem assentar a fé sobre as bases sólidas da razão, ela própria ajudada pela inspiração.

É vossa época, meus amigos; segui o caminho, Deus está no fim.


Demeure.


Abrir