O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VII — Novembro de 1864.

(Idioma francês)

VARIEDADES.


Periodicidade da Revista Espírita.

SUAS RELAÇÕES COM OUTROS JORNAIS ESPECIAIS.
(Sumário)

O desejo de ver a Revista aparecer duas vezes por mês ou todas as semanas, mesmo à custa do aumento da assinatura, já nos foi manifestado várias vezes. Somos muito sensível a esse testemunho de simpatia, mas é impossível, pelo menos até nova ordem, mudar o nosso modo de publicidade. O primeiro motivo está na multiplicidade dos trabalhos resultantes de nossa posição, cuja extensão é difícil imaginar. Estamos rigorosamente com a verdade, dizendo não haver para nós um só dia de repouso absoluto e que, a despeito de toda a nossa atividade, é-nos materialmente impossível bastar a tudo. Duplicando ou quadruplicando nossa publicação mensal, compreendemos que a maioria dos assinantes teria tempo de lê-la; contudo, para nós, isto seria em prejuízo dos trabalhos mais importantes, que nos resta fazer.

O segundo motivo está na natureza mesma de nossa Revista, que não é propriamente um jornal, mas o complemento e o desenvolvimento de nossas obras doutrinárias. Nela a forma periódica permite-nos introduzir mais variedade que num livro e aproveitar as atualidades. Aí vêm agrupar-se, conforme as circunstâncias e a oportunidade, os fatos mais interessantes, as refutações, as instruções dos Espíritos; nela se desenham as diferentes fases do progresso da ciência espírita; enfim, nela vêm ensaiar-se, sob forma dubitativa, as teorias novas, que só podem ser aceitas depois de haverem recebido a sanção do controle universal.

Numa palavra, a Revista é uma obra pessoal, cuja responsabilidade assumimos sozinho, e pela qual não devemos, nem queremos ser entravado por nenhuma vontade estranha; foi concebida segundo um plano determinado para concorrer ao objetivo que devemos atingir. Se fosse transformada numa folha hebdomadária, perderia seu caráter essencial. A própria natureza de nossos trabalhos opõe-se a que entremos em detalhe acerca das preocupações e vicissitudes do jornalismo. Eis por que a Revista Espírita deve permanecer tal qual é. Dar-lhe-emos continuidade enquanto sua existência, sob esta forma, nos for demonstrada necessária. Aliás, mudando o seu modo de publicação, daríamos a impressão de querer fazer concorrência com os novos jornais publicados sobre a matéria, o que não poderia entrar em nossa mente.

Por sua periodicidade mais frequente, esses jornais preenchem a lacuna assinalada; pela diversidade dos assuntos que podem tratar, e que entram no seu quadro, pelo número dos espíritas esclarecidos e de talento que neles podem fazer ouvir a sua voz, enfim pela difusão da ideia sob diferentes formas, podem prestar grandes serviços à causa. São outros tantos campeões que militam pela doutrina, cujos órgãos temos a satisfação de ver multiplicando. Sempre apoiaremos os que marcharem francamente numa via útil, os que não se fizerem instrumentos de camarilhas, nem de ambições pessoais e, finalmente, os que se conduzirem segundo os grandes princípios da moral espírita. Sentimo-nos felizes de encorajá-los e ajudá-los com nossos conselhos, se julgarem necessários. Mas aí se limita a nossa cooperação. Declaramos não ter solidariedade material com nenhum jornal, sem exceção. Por conseguinte, nenhum é publicado por nós, nem sob nosso patrocínio efetivo; deixamos a cada um a responsabilidade de suas publicações. Quando os pedidos de assinatura por sua conta são dirigidos à direção da Revista, nós os encaminhamos aos jornais a título de boa confraternidade, sem nisso ver qualquer interesse, nem mesmo a comissão normal dos intermediários, que não aceitaríamos, ainda que nos fosse oferecida.

Julgamos por bem explicar o estado real das coisas, para edificação dos que pensam que certos jornais espíritas estão ligados por interesse à nossa Revista. Sem dúvida todos têm um interesse comum, porque tendem para o mesmo objetivo que nós. A esse título, todos se devem recíproca benevolência, pois, do contrário, dariam um desmentido à sua qualificação de jornais espíritas, embora cada um atue na esfera de sua atividade e de seus meios, e sob sua própria responsabilidade. A doutrina só terá a ganhar em dignidade e em crédito com a sua independência, ao passo que o acordo de vistas e de princípios existente entre eles e a Revista nada teria de admirável da parte dos que emanassem da mesma fonte. Quando outra publicação periódica se fizer por nossa iniciativa e com o nosso concurso efetivo, nós o diremos abertamente.


Allan Kardec.



Paris. – Typ. de COSSON ET Ce, rue du Four-Saint-Germain,  †  43.


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