O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VI — Setembro de 1863.

(Idioma francês)

DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS.


O verdadeiro.

(Thionville.  †  – Médium: Dr. R…)

Disse um poeta: “Nada é mais belo que o verdadeiro; só o verdadeiro é agradável.”

Reconheci neste verso uma das mais belas inspirações jamais dadas ao homem. O verdadeiro é a linha reta; e a luz, cujo esplendor não precisa ser velado pelos homens justos, cujo espírito é maravilhosamente predisposto a compreender seus imensos benefícios. Por que, na nossa sociedade atual, a luz custa tanto a ser percebida pela maioria dos homens? Por que o ensino da verdade é cercado de tantos obstáculos? É que até agora a Humanidade não fez progressos bastante marcados, desde a origem do Cristianismo. Desde o Cristo, seus ensinamentos tiveram de ser velados sob a forma de alegoria e de parábola e os que tentaram propagar a verdade não foram mais ouvidos que seu divino Mestre; é que a Humanidade devia progredir com sábia lentidão, para que sua marcha fosse mais segura; é que necessitava de um longo noviciado, para tornar-se apta a se conduzir por si mesma.

Mas tranquilizai-vos! O sol da regeneração, há muito tempo na sua aurora, não tardará a espalhar sobre vós a sua deslumbrante claridade; a verdadeira luz vos aparecerá e sua influência benfeitora estender-se-á a todas as classes da sociedade.

Quantos, então, se surpreenderão por não terem acolhido mais cedo esta verdade, que data da mais remota antiguidade, e que um sentimento de orgulho lhes fez sempre caminhar ao lado sem a ver!

Ao menos desta vez não tereis de sofrer nenhum desses horríveis cataclismos, que parecem outras tantas balizas destinadas a marcar, através dos séculos, a marca da verdadeira luz. Mais bem instruídos, os homens compreenderão que as perturbações que deixam atrás de si uma esteira de fogo e sangue não se enquadrariam hoje nos nossos costumes, abrandados pela prática da caridade. Compreenderão, enfim, o alcance destas palavras sublimes, outrora proferidas pelo Cristo: “Paz aos homens de boa vontade!” ( † )

Não haverá outra guerra senão a que for feita às paixões más. Todos reunirão suas forças para expulsar o Espírito do mal, cujo reino desastroso apenas deteve, por longo tempo, o progresso da civilização. Todos se deterão no pensamento de que a verdadeira luz é a única conquista legítima, a única que devem ambicionar, a única que os poderá conduzir à felicidade.

À obra, pois, todos vós que tendes a bandeira do progresso! Não temais empunhá-la alta e firme, para que de todos os recantos do globo os homens possam acorrer e se acomodarem sob sua égide. Pedi ao nosso Pai celeste a força e a energia que vos são indispensáveis para esta grande obra; e, se aqui não puderdes gozar da felicidade de vê-la realizada, que, ao menos, ao morrer, leveis a convicção de que vossa existência foi útil a todos, e que a mais doce recompensa vos espera entre nós: a alegria de ter cumprido vossa missão para a maior glória de Deus.


Espírito Familiar.


Allan Kardec.



Paris. — Typ. de Cosson et Ce rue du Four-St-Germain, 43.  † 


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