O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VI — Novembro de 1863.

(Idioma francês)

Pluralidade das existências e dos mundos habitados.


Pelo Dr. Gelpke.
[Ernst-Friedrich Gelpke.]

Devemos à gentileza de um dos nossos correspondentes de Bordeaux  †  a interessante passagem que se segue, extraída de uma obra intitulada: Exposição da grandeza da criação universal, pelo Dr. Gelpke, publicada em Leipzig  †  em 1817.


“…Se, pois, a construção de todos os mundos que brilham acima de nós pudesse ser submetida ao nosso exame, de que admiração não seríamos tomados, vendo a diversidade desses globos, cada um dos quais organizado de modo diverso do seu mais próximo vizinho na ordem da criação! E, como já disse, sendo incalculável o número dos mundos, sua construção também deve ser infinitamente diferente.

“Além disso, como de cada mundo depende a organização dos seres que o habitam, estes devem, tanto interna como externamente, diferir essencialmente em cada globo. Agora, se considerarmos a multiplicidade e a imensa variedade das criaturas em nossa Terra, onde nem mesmo uma folha se assemelha a outra, e se admitirmos uma tão grande variedade de criaturas em cada mundo, quão prodigiosa nos parecerá a multidão no incomensurável reino de Deus!

“Qual não será, pois, um dia, a plenitude de nossa felicidade, quando, sob invólucros sempre mais perfeitos, penetrarmos sucessivamente mais à frente os mistérios da criação e encontrarmos mundos sem-fim, povoando um espaço sem-fim! Então, quanto Deus não nos parecerá ainda mais adorável, ele que tirou tudo isso do nada, ele cuja bondade sem limites criou tudo isto apenas para a satisfação dos seres vivos e cuja sabedoria ordenou isto tudo de maneira tão admirável!

“Mas nossa residência e nossa conformação atuais podem proporcionar-nos tal felicidade? Para isto não necessitamos de outra morada, que nos coloque mais cedo no domínio da criação, e de um envoltório muito mais sutil e mais perfeito, que não entrave o nosso Espírito em seus progressos para a perfeição, e por meio do qual ele poderá ver, sem auxílio, no todo universal, muito além do que o podemos daqui com os nossos melhores instrumentos?

“Mas por que o Criador não nos daria, após vários degraus de existência, um envoltório que, semelhante ao relâmpago, pudesse elevar-se de mundos a mundos, permitindo-nos, assim, olhar tudo de mais perto e, ao mesmo tempo, abarcar melhor o conjunto pelo pensamento? Quem ousaria duvidá-lo, quando vemos a brilhante borboleta nascer da lagarta, e á arvore deslumbrante de flores provir de um caroço! Se Deus assim desenvolve pouco a pouco a lagarta e no-la mostra esplendidamente transformada, se também desenvolve o germe por graus, quanto não nos fará progredir a nós homens, reis da Terra, e avançar na Criação!”


Pluralidade dos mundos habitados, pluralidade das existências, perispírito, progresso contínuo e infinito da alma, tudo está aí.


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